Wednesday, April 11, 2007

MP acusa jovem de 16 anos no caso Gisberta


josé carmo

Menores julgados no Tribunal de Família tentaram ilibar colega mais velho mas não conseguiram
Nuno Miguel Maia
O Ministério Público (MP) do Porto decidiu acusar formalmente o jovem mais velho do grupo de 14 rapazes envolvidos no caso da morte de Gisberta, o transsexual encontrado sem vida, a 22 de Fevereiro do ano passado, no fundo de um poço de um prédio inacabado na Avenida Fernão de Magalhães, no Porto. A situação relativa a este rapaz de 16 anos, considerado maior de idade em termos penais, era a única pendente, depois de o Tribunal de Família e Menores do Porto ter julgado e aplicado medidas tutelares educativas aos 13 restantes jovens implicados. De acordo com informações recolhidas pelo JN, a decisão do Departamento de Investigação e Acção Penal do MP do Porto aponta para crimes de ofensas à integridade física agravadas pelo resultado (morte) e omissão de auxílio. O rapaz, que era um dos internados na Oficina de São José, no Porto, poderá requerer abertura de instrução, para tentar evitar ser submetido a julgamento. A advogada que defende o jovem recusou prestar qualquer declaração, invocando razões deontológicas. O desfecho do processo causa surpresa face àquilo que eram as previsões da investigação da PJ do Porto, baseada nos depoimentos dos restantes menores. É que os testemunhos, inclusive os prestados durante a fase jurisdicional (julgamento), no Tribunal de Menores, apontavam para o alheamento do elemento mais velho do grupo, de 16 anos, nas agressões infligidas ao transsexual, de nacionalidade brasileira. O MP optou por tomar posição somente depois de decorrida a parte fulcral do processo relativamente aos 13 menores - à maioria dos quais foram aplicadas medidas de internamento em regime semiaberto. E não se convenceu quanto ao não envolvimento do membro mais velho do grupo, que chegou a estar em prisão preventiva desde 24 de Fevereiro até ao início de Maio do ano passado. Agora, o caso foi qualificado como de ofensas à integridade física graves, a que acresce omissão de auxílio, já que o estado de agonia da vítima, decorrente das agressões, prolongou-se por vários dias. Até que um dia, com Gisberta inanimada, os membros do grupo pensaram que estava morta e quiseram ocultar o cadáver, atirando-o para o fundo de um poço no prédio. Afinal, o transsexual ainda estava vivo e morreu de afogamento.

As penas dos menores

As penas aplicadas aos 13 menores julgados no Tribunal de Família e Menores do Porto, em Julho passado, variaram entre os 11 e os 13 meses de internamento, em regime aberto e semiaberto. A dois deles, indiciados apenas por não terem auxiliado Gisberta quando era agredida, foi decidido acompanhamento educativo durante um ano.

Inquérito por maus-tratos

Três depoimentos efectuados durante o julgamento por funcionários e colaboradores da instituição onde estavam internados 11 dos 13 rapazes deram origem a uma certidão enviada para o Ministério Público. Em causa estavam suspeitas de maus-tratos, com eventuais responsabilidades dos dirigentes da Oficina de São José.

Suicídio do director

No final de Agosto do ano passado, o director-executivo da Oficina de São José suicidou-se. Elementos próximos de Germano Costa, advogado, dizem que andava agastado com os acontecimentos em redor da instituição.
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