Thursday, December 6, 2007
PERÚ: Siguen detenciones arbitrarias contra personas trans
(Lima - Perú) La noche del sábado 24 de noviembre Ray Rodríguez y Jessica Carolina Mendoza, promotoras del Instituto Runa, se encontraban realizando su trabajo de promoción de Derechos Humanos con personas trans en el Centro de Lima cuando fueron intervenidas por efectivos de la Policía y Serenazgo de Lima.
Ellas se identificaron como promotoras de DDHH, pero igual fueron introducidas a una unidad móvil.
Siendo retenidas por espacios de tres horas, filmadas y posteriormente llevadas a la Comisaría de Alfonso Ugarte desde donde pudieron llamar a Belissa Andía, Coordinadora del Programa Diversidad Sexual del Instituto Runa, quién gestionó su liberación y del resto de personas trans detenidas.
Pocas horas después, en la madrugada del 25 de noviembre fueron detenidas, a la altura de Paseo Colón con el Jirón Washington, cinco travestis que ejercían el comercio sexual (Tatiana, Acana, Giovanna, Susan, Dulce, Cinthya).
Ellas fueron llevadas a la Comisaría de Petit Thouars para quedar retenidas, pese a que el ejercicio de la prostitución no es un delito en el Perú. Gracias a la intermediación de la representante del Instituto Runa se logró su liberación tras dialogar con el Comisario. Durante todo momento el personal policial tuvo un trato de hostilidad hacia estas personas trans.
Pero sin lugar a dudas el hecho más violento se produjo a las 2.30 de la madrugada cuando cinco personas trans (Romina, Pichicha, Camila, Pierina y Cinthia) se dirigían en un taxi hacia una conocida discoteca del Centro de Lima.
El vehículo fue interceptado, en el céntrico jirón Washington, por efectivos del Serenazgo Municipal, quienes al percatarse de la presencia de las personas trans procedieron a sacarlas del taxi a viva fuerza para conducirlas hacia a una unidad móvil.
Una de las agraviadas logró apuntar el número de la placa de la unidad municipal pero al darse cuenta los efectivos la golpearon con dureza y amenazaron con “desaparecerla” si es que atrevía a presentar la denuncia.
Finalmente, las agraviadas fueron conducidas a la Av. Circunvalación, una carretera ubicada al este de Lima, donde fueron arrastradas de los cabellos y abandonadas. El hecho es materia de una denuncia policial que está siendo vista por la asesora legal del Instituto Runa.
Los hechos ocurridos los días 24 y 25 de noviembre son solamente una muestra de la grave situación de violencia que afrontan las personas trans en el centro de Lima, lo que ha motivado que las agraviadas y la asesora legal del Instituto Runa planifiquen estrategias de acción para frenar y prevenir este tipo de agresiones.
http://www.runa.org.pe/divsexual/noticias/index.htm
Friday, November 30, 2007
E O OSCAR TÃO LINDO DE CABELEIRA ENCARACOLADA!!!
http://www.hi5.com/friend/profile/displaySameProfile.do
Friday, November 23, 2007
Monday, November 19, 2007
Transgender Children [Part 1/3]
Transgender Children [Part 1/3]
Vídeo enviado por alexiahm
http://tsvideos.wordpress.com/
Transgender Children [Part 2/3]
Transgender Children [Part 2/3]
Vídeo enviado por alexiahm
http://tsvideos.wordpress.com/
Transgender Children [Part 3/3]
Transgender Children [Part 3/3]
Vídeo enviado por alexiahm
http://tsvideos.wordpress.com/
workshop de fotografia de teatro
Falar de fotografia de espectáculo é falar de uma disciplina tão vasta e complexa como o seu objecto – um caleidoscópio de práticas e metodologias transversais que abarca todas as possíveis especializações fotográficas.
Da arquitectura do efémero ao retrato dos actores ecriativos, passando pela fotografia de espectáculo, se espelha naperfeição essa forma de Arte Total que está longe de se esgotar nafotografia de cena.
Partindo do real observável, próximo do registo documental, para chegar à narrativa ficcional, tão próximo da fotografia publicitária e de moda, se traça a rota do workshop que se adivinha uma pequena incursão na história da fotografia contemporânea.
Partindo do real observável, próximo do registo documental, para chegar à narrativa ficcional, tão próximo da fotografia publicitária e de moda, se traça a rota do workshop que se adivinha uma pequena incursão na história da fotografia contemporânea.
Conteúdos
1_Imagem e memória. A materialização do efémero.
2_ Do texto ao palco. Dramaturgia da imagem.
3_Do visível e invisível em teatro.
4_Sarah Moon e Martine Franck. A fotografia de teatro em França.
5_Retratos de Actores. O estúdio Harcourt.
6_Imagens que mentem – a fotografia em Duane Michals.
7_A realidade da ficção - Sophie Calle e Jeff Wall.
8_Arquitecturas efémeras. Cenários materiais e virtuais
Data e Horário:
7 e 9 Dezembro das 20 ás 23.00 h
8, 9, 14 e 15 de Dezembro das 18.30 ás21.30 h
Inscrições até 30 de Novembro de 2007
Participantes:
O workshop destina-se a um nº máximo de 12 participantes, a partir dos 16 anos de idade.
Os participantes deverão ter acesso a uma máquina fotográfica digital e idealmente a um computador portátil
Preço: 65,00 € por Participante
Sobre a orientadora:
Susana Paiva (1970) – Nasceu a 31 de Maio de 1970 na cidade da Beira–Moçambique. Trabalha actualmente na área de comunicação e imagem, exercendo as funções de jornalista, fotografa, designer gráfica e videasta.
Tem trabalhado em diversos projectos multimédia, conciliando assim os seus conhecimentos nas áreas de imagem analógica e digital. Foi professora de fotografia da Academia Contemporânea do Espectáculo, (ACE) no Porto, e na Associação Portuguesa de Arte Fotográfica (APAF), em Lisboa, tendo leccionado nas áreas da fotografia de Teatro, fotojornalismo, fotografia documental, técnica laboratorial, suportes digitais e fotografia de autor.
Tem trabalhado em diversos projectos multimédia, conciliando assim os seus conhecimentos nas áreas de imagem analógica e digital. Foi professora de fotografia da Academia Contemporânea do Espectáculo, (ACE) no Porto, e na Associação Portuguesa de Arte Fotográfica (APAF), em Lisboa, tendo leccionado nas áreas da fotografia de Teatro, fotojornalismo, fotografia documental, técnica laboratorial, suportes digitais e fotografia de autor.
+ INFO: www.kabuki.pt
Telef: 210994142
Friday, November 9, 2007
Wednesday, November 7, 2007
Relembrar a luta pelo casamento entre Trans em França
http://www.dailymotion.com/video/x14zgl_fogiciel_events
Monday, November 5, 2007
Comunidade?
Segunda-feira, Novembro 05, 2007
Tenho achado cada vez mais piada em relação à suposta comunidade LGBT. Todos os grupos ou associações se gabam de incluírem o T, no entanto a realidade demonstra que este T só existe por ser politicamente correcto. E isto a um nível mundial.
Por exemplo, nos EUA (como não podia deixar de ser) tem existido uma polémica ultimamente sobre um acto (act em americano) que supostamente deveria acabar com qualquer discriminação laboral que tenha a ver com orientação sexual e com identidade de género.
De seu nome ENDA, o acto de não discriminação laboral (Employment Non Discrimination Act em americano, como diria o Lauro Dérmio) é suposto acabar com toda e qualquer discriminação. Isto a nível federal, ou seja, todos os estados que compõem os EUA seriam obrigados a respeitar e fazer respeitar esta lei.
Com o apoio dos democratas e de alguns republicanos, entrou no senado para ser discutida e aprovada (cof cof). Todas as associações LGBT estavam esperançadas na sua aprovação, apesar de se saber desde o início que o presidente Bush iria vetar esta lei caso fosse aprovada.
A coisa começou a dar para o torto quando os representantes gays no senado chegaram à brilhante conclusão que tinha muito mais hipótese de ser aprovada se não incluísse a identidade de género.
Vai daí, toca de retirar a comunidade T da lei. Sensação de dejá vu? Pois, também eu! E apesar de todos (ou quase todos) os grupos e associações norte-americanos bradarem aos céus em alto e bom som que não, não se deve deixar a comunidade T (muito politicamente correcto, não acham?) o ENDA lá seguiu sem T.
Como o burburinho tem sido muito, os ditos representantes da comunidade têm-se esforçado para diminuir o ruído. Já se falou num segundo act somente com identidade de género, já se falou que o ENDA voltava à primeira forma, enfim, uma catrefa de boatos como é normal nestas situações.
O facto é que, sempre que é necessário, a comunidade T não passa de moeda de troca. Fazem-se exigências em seu nome, sabendo de antemão que, para que passem leis LGB, o T vai ser abandonado. O T serve de papão, a ameaça que ofusca o que verdadeiramente se quer.
Lembram-se quando da introdução da orientação sexual na Constituição Portuguesa? Pois é, originalmente incluía também a identidade de género.
E agora pergunto-me eu, que raio de comunidade é esta em que nos metem, que nos tem abandonado sistematicamente? Isto é que é uma comunidade? LGBT? Pois, contem-me histórias que eu gosto.
Já é altura de mudar, não???
"Todos os dias quando me olho ao espelho
Vejo uma pessoa que não sou eu
E todos os dias me lembro
Que não me deixam ser quem sou"
Friday, November 2, 2007
Tuesday, October 30, 2007
International Transgender
Day Of Remembrance
18 Nov 2007
This will be the ninth year that a day has been set aside to honour the memory of all those transpeople killed by violence every year and to affirm our resolve to report transphobic crime. Over 400 people are named as having been killed, with many more remaining unknown.
The Transgender Day of Remembrance was set aside to memorialize those who were killed due to anti-transgender hatred or prejudice. The event is held in November to honor Rita Hester, whose murder in 1998 kicked off the “Remembering Our Dead” web project and a San Francisco candlelight vigil in 1999. Since then, the event has grown to encompass memorials in dozens of cities across the world.
Blaming the trannies
Gender bias sweeps the gay punditocracy
BY
Published 10.24.07
It never fails that whenever the subject of civil rights protections for gay people comes up, opponents start griping about "special rights." A surprising number of people think it's already illegal to discriminate against gay people in the workplace, for example.
In fact, it's legal for employers to fire someone for being gay in 31 states. And transgender people, those with gender-identity differences, have even less workplace protection.
At this writing, a historic piece of federal legislation that would change that was due a vote in the U.S. House of Representatives within a week. The Employment Non-Discrimination Act has been around in one form or another since 1974 and, thanks largely to the work of Rep. Barney Frank, was finally due a vote earlier this month.
But the bill was put on hold when an unexpected drama unfolded in the so-called LGBT (lesbian-gay-bisexual-transgender) community. Frank announced that he would be eliminating protections for transgender people from ENDA and submitting a separate bill for them. He said the bill would not otherwise pass.
About 250 LGBT organizations objected, including the most powerful one, the Human Rights Campaign. But its board later reversed itself, sort of, and said it would not oppose Frank's compromise bill although it would not actively support it, either.
At this writing, Wisconsin Rep. Tammy Baldwin plans to introduce an amendment that would restore protections based on gender identity. Even if ENDA – with or without Baldwin's amendment – passes the House, it is unlikely to get through the Senate or survive a presidential veto. Still, supporters argue a vote now will help strategize a successful campaign in 2009, after the presidential election.
The bill's drama is too complex to fully recount here, but it has caused a long-simmering debate in the LGBT community to reach a full boil. The issue is whether gay and bisexual people have enough in common with transgender people that they should be pursuing a shared agenda. Or, as several gay pundits put it, "Should employment protection for millions of gay Americans be held hostage to inclusion of transgender people?"
The underlying rhetoric of these pundits has been embarrassing. John Aravosis, owner of the popular AMERICAblog, wrote a piece for Salon.com whose language included statements such as this:
"What [do] I as a gay man have in common with a man who wants to cut off his penis, surgically construct a vagina, and become a woman. I'm not passing judgment, I respect transgendered people and sympathize with their cause, but I simply don't get how I am just as closely related to a transsexual (who is often not gay) as I am to a lesbian (who is). Is it wrong for me to simply ask why?"
This sentiment has been echoed around the Internet, and it demonstrates profound ignorance – not only about the activist role transgenders have had in the civil rights struggle but the very obvious way gay people's concerns are related to those of transgenders.
Arguably, the very basis for discrimination against gay men and lesbians originates in gender transgression. In the 1950s it was not uncommon for police to arrest people who "acted" or "looked" gay. This didn't mean the person was necessarily cross-dressing or was transsexual. It could be because a man was effeminate or a woman looked, to use a once-common term, mannish.
Indeed, even within the gay community itself, the receptive partner in anal sex – the "bottom" – has long been feminized simply because his role is analogous to the woman's in heterosexual sex. There is practically no stereotype of gay people that doesn't involve a gender issue – whether its effeminacy or, at the opposite compensatory extreme, the adoption of styles so hypermasculine they come across as ironic (to everyone else).
Of course, it's been an obsession of much of the gay male community to fight gender-based stereotyping by promoting the guise of "masculine normality." It is no wonder that transgenders, stereotyped as men who want to be women, are so annoying to this group of gay men.
Personally, I don't buy the argument that ENDA should be adopted without protection of transgenders. Aravosis and company argue that most civil rights movements have made their gains incrementally. True. I also think it's a valid criticism that the recent addition of transgenders to ENDA has not involved sufficient education of congressmen.
But I don't see that we are bound to proceed "incrementally" just because history has unfolded that way. ENDA's unlikely to become law before 2009, so the next year might be best spent educating people inside and outside the LGBT community about the ways sexual orientation and gender variance are related.
Cliff Bostock holds a Ph.D. in depth psychology. For information on his private practice, go to www.cliffbostock.com.
Philippines rejects trans records case
24th October 2007 17:23PinkNews.co.uk writerThe Supreme Court of the Philippines has ruled that woman may not change her civil registry records.Born Rommel Jacinto Dantes Silverio, the woman underwent gender reassignment surgery in 2001 and wanted her records to reflect her transition.While recognising that trans people do not "fit neatly into the commonly recognised parameters of social convention," the court said there is no law regarding people who have undergone gender reassignment. "While the petitioner may have succeeded in altering his body and appearance through the intervention of modern surgery, no law authorises the change of entry as to sex in the civil registry for that reason," the judgement read, according to AFP.She had hoped to change her name and records in order to marry her partner.Last year Amnesty International launched a global campaign calling upon the Philippine government to pass legislation prohibiting discrimination based on sexual orientation or gender identity.Amnesty members from around the world joined forces with the lesbian and gay legislative advocacy network Philippines (LAGABLAB-Pilipinas).The legislation being considered by the Philippine congress would see an amendment to the Philippines constitution prohibiting discrimination on the basis of sexual orientation and gender identity.
Online Survey of Inequalities and Discrimination experienced by Trans People in Europe
Dr Stephen Whittle, Professor of Equalities Law at Manchester Metropolitan University and Dr Lewis Turner, both of the FTM Network UK and Press for Change are leading a small (and very short) research project for the European Union, Press for Change, ILGA & Transgender Europe.
Stephen Whittle says:
Stephen Whittle says:
If you are Trans identified in any way, then this survey is for you. It is for all ages and it is fully inclusive of all types of trans identity from cross dresser through to Transsexual as well as agender and polygender. However, if you want your personal experiences as a trans person reported back to the European Union, your responses must be completed by October 31st 2007.
This survey is only for those people living (or recently living) in any of the European Union states. The results of the project will inform the European Union and many other public authorities. If you are not sure whether your state is in Europe then see the map below, where EU countries are depicted in YELLOW.
The survey is available identically in nine initial languages; we hope to add three or four further languages shortly. You can take part in whichever language you prefer, regardless of the country you live in now - but you must only take part once.
The results of the project will inform the European Council and many other public authorities in Europe and help them develop new ways of promoting equality. The main objectives of this research project are:
To document the extent and types of inequality and discrimination people experience because they are Trans
To pinpoint the areas of life where trans people have experienced being treated unequally or have been discriminated against
To establish the ‘trigger points’ which have led to a individuals experiencing inequalities or discrimination and
To make recommendations for immediate changes to work practices and for future research in the area.
The survey will take you around 30-45 minutes and it will be completely confidential.
We have tried to be comprehensive for the purposes of the research, but please remember that this survey is going out in many languages, and that has made it difficult to get all the correct terms you might understand and also to limit the number of questions we dare ask you.
PLEASE ask ALL of your TRANS friends, including part-time cross dressers, transgender, transsexual, a-gendered and poly gendered people and anyone in-between to complete this questionnaire. In fact, why not have a party night, bring in all the computers and laptops you can borrow and amidst the tapping of keys enjoy your evening with good friends.
BUT each person must only complete it ONCE.
Any questions email : survey@pfc.org.uk
Saturday, October 6, 2007
Tuesday, September 18, 2007
QUEER LISBOA 11
Photo. Barbara Cartland (Jó Bernardo)
Cast. Jó Bernardo http://atranspt.blogspot.com et Bertrand Bertrand
Director. Tom de Pekin www.myspace.com/tomdepekin
Music, Neoboris www.myspace.com/neoboris
Paris 2007
Uma hora e meia de humor, abre com um teledisco de Tom de Pekin para Barbara Cartland (na foto) do duo electro Neoboris. Kali Ma revela uma mãe “volumosa” que não perde tempo para resolver, ela mesmo, as ofensas físicas de um colega ao filho. Em ambiente universitário What’s Up With Adam? mostra como encenar o que se não é quase pode dar tudo a perder, especialmente aquele de quem se gosta. Por outro lado, On The Other Hand, em jeito de reportagem televisiva, mostra sinais de discriminação da sociedade contra... canhotos. VGL – Hung! apresenta um aparentemente eficaz serviço de encontros amorosos, ao melhor jeito Cinderela-digital. E Outland mostra como uma inesperada reunião de amigos apaixonados (antes, viciados) pela ficção científica pode assustar quem ali acaba de aterrar... N.G.
CINEMA SÃO JORGE - QUARTA-FEIRA - 18H30M - SALA 3
Monday, September 10, 2007
Transgender men outraged over mall bathroom incident
Simon Adriane (left) and Sean Brochin
YouNewsTV™
Story Published: Sep 7, 2007 at 7:47 PM PDT
By KOMO Staff
Watch the story
SEATTLE -- Two transgender men say they're the victims of discrimination after they were kicked out of a downtown mall for allegedly using the wrong restroom. Trouble began when Simon Adriane and Sean Brochin needed to use the bathroom after watching a movie at Pacific Place mall in downtown Seattle. Adriane and Brochin, who were both born female but consider themselves male, entered the men's bathroom, which upset a man in teh bathroom. But the mall claims the men were simply disruptive. "He was screaming 'you're a woman, you can't be in here!'" said Adriane. "The first thing I thought is 'oh no, not again.' Because it happened many times in my life," Brochin said. Adriane tried calming the man. "I said I'm not a girl, I'm just here to pee," he said. But the customer called security. "Security was banging on the door and ordered us to get out," Adriane said. The security guard escorted the pair out of the bathroom and out of the mall. According to the state Human Rights Commission, transgenders are protected and have the right to use the bathroom of the gender they identify with. But the commission recommends they use the unisex or family restroom to avoid wrestling with gender issues. In this case, Adriane and Brochin said it was occupied.The two plan to file a formal discrimination complaint against the mall, with the state and the city. Their actions could be a crucial test of the state's year-old gay rights law."We've never had this kind of experience and we are going to revisit some of our procedures," said mall spokesperson Lynn Beck. Beck says it could mean some retraining of security. "I was scared, angry and humiliated," Brochin said. Brochin said he typically doesn't like to talk about his personal details, but said he outed himself to his boss on Friday so that he can speak out and raise awareness of the issue. The restroom incident sparked a protest at the mall's bathroom. Dozens of people who are in the city attending the Gender Odyssey Conference staged what they called a "pee-in."
YouNewsTV™
Story Published: Sep 7, 2007 at 7:47 PM PDT
By KOMO Staff
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SEATTLE -- Two transgender men say they're the victims of discrimination after they were kicked out of a downtown mall for allegedly using the wrong restroom. Trouble began when Simon Adriane and Sean Brochin needed to use the bathroom after watching a movie at Pacific Place mall in downtown Seattle. Adriane and Brochin, who were both born female but consider themselves male, entered the men's bathroom, which upset a man in teh bathroom. But the mall claims the men were simply disruptive. "He was screaming 'you're a woman, you can't be in here!'" said Adriane. "The first thing I thought is 'oh no, not again.' Because it happened many times in my life," Brochin said. Adriane tried calming the man. "I said I'm not a girl, I'm just here to pee," he said. But the customer called security. "Security was banging on the door and ordered us to get out," Adriane said. The security guard escorted the pair out of the bathroom and out of the mall. According to the state Human Rights Commission, transgenders are protected and have the right to use the bathroom of the gender they identify with. But the commission recommends they use the unisex or family restroom to avoid wrestling with gender issues. In this case, Adriane and Brochin said it was occupied.The two plan to file a formal discrimination complaint against the mall, with the state and the city. Their actions could be a crucial test of the state's year-old gay rights law."We've never had this kind of experience and we are going to revisit some of our procedures," said mall spokesperson Lynn Beck. Beck says it could mean some retraining of security. "I was scared, angry and humiliated," Brochin said. Brochin said he typically doesn't like to talk about his personal details, but said he outed himself to his boss on Friday so that he can speak out and raise awareness of the issue. The restroom incident sparked a protest at the mall's bathroom. Dozens of people who are in the city attending the Gender Odyssey Conference staged what they called a "pee-in."
Wednesday, August 29, 2007
i BASTA DISFORIA DE GÉNERO! NO SOMOS ENFERMOS MENTALES
i BASTA DISFORIA DE GÉNERO! NO SOMOS ENFERMOS MENTALES
Manifestación por la lucha Transgénero, Transexual e Intersexual
Domingo 7 de Octubre del 2007 a las 18h00
Manifestación por la lucha Transgénero, Transexual e Intersexual
Domingo 7 de Octubre del 2007 a las 18h00
Pl. Universidad- Barcelona
Manifiesto Trans
Manifiesto Trans
Los activistas transexuales, transgéneros e intersexuales hemos decidido manifestarnos para
visibilizar nuestras diversas identidades y hacer oír nuestras voces para denunciar los procesos de psiquiatrización por los cuales estamos obligados a pasar, tal como establecen los protocolos de la Organización Mundial de la Salud (OMS).
La OMS considera la transexualidad y el transgenerismo como patologías mentales, clasificándolos bajo el término de “Trastornos de la Identidad de Género” en la Clasificación Internacional de Enfermedades ( CIE-10). Esta clasificación de enfermedades es el modelo de referencia de los profesionales de la salud de todos los Estados. Por eso, las personas trans de todo el mundo nos vemos obligadas a pasar por equipos oficiales de psiquiatras que evalúan nuestra identidad de género tanto para acceder a tratamientos hormonales como al cambio de nombre y sexo en los documentos oficiales.
El Estado Español asume esta definición psiquiátrica con la recientemente aprobada “ley de identidad de género” que obliga a obtener un diagnóstico de disfória de género para poder cambiar el nombre y el sexo en los documentos oficiales, excluyendo a menores de 18 años, inmigrantes y discapacitados psíquicos.
Nuestro género no puede ser evaluado, ni desde la psiquiatría, ni desde ninguna otra disciplina, y mucho menos penalizado o condicionado por el mismo servicio de sanidad que debería garantizar nuestro pleno desarrollo físico, emocional y social. Exigimos un sistema de Salud Pública que respete nuestros cuerpos intersexuales y transexuales, sin ser juzgados sistemáticamente por la moral médica. Diagnosticar “trastorno de la Identidad de Género” es limitar la construcción de nuestros cuerpos y es una violación de nuestras libertades individuales. La diversidad de identidades es infinita y no puede ser encasillada en un modelo hombre/mujer. Y al mismo tiempo cuestionamos la necesidad de mencionar el sexo en los documentos oficiales.
Es imprescindible, para evitar la exclusión de las personas trans, luchar contra la transfobia en el ámbito educativo, penitenciario, en los medios de comunicación, etc, y especialmente en el mundo laboral, garantizando el acceso al trabajo. Al mismo tiempo, hace falta dignificar el trabajo sexual y asegurar condiciones de salud y seguridad en su desarrollo.
Ahora que la Clasificación Internacional de Enfermedades está en proceso de revisión es el momento de luchar para que se retire el “ Trastorno de la Identidad de Género” de este manual, de la misma forma que el año 1990 la homosexualidad dejo de considerarse una enfermedad en esta clasificación. En este sentido, la implicación y el posicionamiento de la comunidad médica en la lucha por la desclasificación del Trastorno de Identidad de Género es fundamental.
Las presiones de género nos afectan a todos, en tanto que determinan como nos tenemos que comportar y relacionar haciéndonos encajar en unas identidades pre-diseñadas. Es por eso que esta lucha no es exclusivamente trans, sino que e suna lucha que nos implica a todo@s.
El día 7 de octubre nos manifestamos de manera conjunta en Paris y Barcelona, ya que esta tiene que ser una lucha internacional que se construya a partir de acciones simultaneas y coordinadas en diferentes ciudades del mundo.
Porque no somos enfermos mentales por el hehco de ser trans no somos trastornados por construir el género fuera de las normas establecidas por la medicina y los gobiernos; queremos hacer oír nuestra voz y no ser nunca más tratados como víctimas no como enfermos políticos; porque queremos tener el derecho a decidir sobre nuestros cuerpos: los activistas trans que firmamos este manifiesto exigimos la retirada del “Trastorno de la Identidad de Género” de la Clasificación Internacional de Enfermedades, y la completa despatologización de las identidades trans.
http://guerrilla-travolaka.blogspot.com/
Sunday, August 26, 2007
controversy surrounding psychologist J. Michael Bailey’s 2003 book The Man Who Would Be Queen: The Science of Gender-Bending and Transsexualism
August 24, 2007
Friday guest blogger: Julia Serano
Julia Serano is an Oakland, California-based writer, spoken word performer, trans activist, and biologist.
This Tuesday, The New York Times ran an article about the continuing controversy surrounding psychologist J. Michael Bailey’s 2003 book The Man Who Would Be Queen: The Science of Gender-Bending and Transsexualism. The premise of the book is that *all* transsexual women transition for purely sexual reasons - either to attract straight men or because they are sexually aroused by the idea of being or becoming female. This sexualizing of trans women’s motives is of course nothing new. In the media, trans women are regularly depicted as either sex workers, sexual deceivers who prey on unsuspecting straight men, or as fetishists who get off on the idea of wearing women’s clothing. The media’s (as well as Bailey’s) assumption that MTF (but not FTM) transsexuals transition in order to fulfill some kind of sexual fantasy not only dismisses trans women’s deeply experienced female gender identities, but also insinuates that women as a whole have no worth beyond their ability to be sexualized. (For those interested, I discuss this more in depth in my own book Whipping Girl: A Transsexual Woman on Sexism and the Scapegoating of Femininity).
Much of the transgender community’s initial outrage over Bailey’s book centered on the fact that it was presented to the public as a work of science. It was published by Joseph Henry Press, an imprint of National Academies Press, whose goal is “publishing well-crafted, authoritative books on science, technology, and health for the science-interested general public.” But if one looks beyond the back cover copy, one finds little science at all. Bailey simply rehashes a scientifically flawed theory that was put forward by fellow sexologist Ray Blanchard nearly a decade ago. Rather than providing data to support Blanchard’s theory, Bailey instead attempts to make his points through the use of lurid (and often demeaning) anecdotes, sexist and racist commentary, gross generalizations and unsubstantiated speculations (for specific details, see Joan Roughgarden’s review of the book). In addition, Bailey conveniently claims that trans women and gay men whose personal accounts differ from his thesis are merely lying (he’s used this tactic before: see a 2005 NY Times article called "Straight, Gay or Lying? Bisexuality Revisited," in which Bailey insinuates that men who say they are attracted to both sexes are lying).
Of course, this week’s NY Times article doesn’t discuss the hypersexualization of trans women in our culture, and it barely mentions the fact that Bailey falsely presented stereotypes and sexual innuendo as “science” without any hard data to back his claims up. Rather, the article focuses almost entirely on accusations made by Alice Dreger in her forthcoming article in the journal Archives of Sexual Behavior, in which she claims that several prominent trans activists stooped to conducting personal attacks on Bailey during their campaign against the book. As Dreger comments in the NY Times article:
“If we’re going to have research at all, then we’re going to have people saying unpopular things, and if this is what happens to them, then we’ve got problems not only for science but free expression itself.”
Now, I’m not going to comment about the accusations Dreger makes, as the trans activists involved have denied her charges and have made counter-accusations of their own. And while Dreger presents her essay as a work of scholarly history, it’s clear that she is not an impartial, objective observer - she is currently an associate of Bailey’s and has become embroiled in the controversy that surrounds the book herself.
What does strike me though are the parallels between the way Bailey misrepresented anecdotes and opinions as “science” in his book and the way Dreger’s take on this controversy is now being misrepresented as a work of scholarly/scientific history. Indeed, the fact that a scientific journal such as Archives of Sexual Behavior would dedicate a whopping 62 pages (several times more than it allocates to standard research articles) to Dreger’s highly personalized account of this matter is unusual to say the least. While it is not uncommon for scientific journals to publish viewpoints from individual scientists on noteworthy issues, they tend to be clearly designated as editorials or opinions pieces, rather than as actual research papers (as Dreger’s article is being presented).
As an academic scientist myself, what bothers me most about the NY Times’ retelling of this controversy is that they portrayed Bailey as a “scientist under siege” fighting for academic freedom, without any mention of *academic responsibility*. In our society, people tend to view opinions as being inherently valid when they are spoken in the name of science and when the person voicing them has an advanced degree in a germane field. Perhaps nowhere is this more obvious than in public discourses on transsexuality, where the opinions of non-trans “experts” (whether they be psychiatrists, sexologists, sociologists or gender theorists) regularly trump, or completely stand in for, the perspectives of actual transsexuals.
The fact is that when a self-appointed “expert” like Bailey claims that transsexual women transition for purely sexual reasons, and that they are lying if they state otherwise, people will believe him because of his academic/scientist status. The NY Times may try to frame the controversy surrounding Bailey’s book as an example of political correctness run amok, but the truth of the matter is that Bailey himself did exponentially more damage to the field of academic research when he misrepresented anecdotes and innuendos as though they were science.
-julia
Friday guest blogger: Julia Serano
Julia Serano is an Oakland, California-based writer, spoken word performer, trans activist, and biologist.
This Tuesday, The New York Times ran an article about the continuing controversy surrounding psychologist J. Michael Bailey’s 2003 book The Man Who Would Be Queen: The Science of Gender-Bending and Transsexualism. The premise of the book is that *all* transsexual women transition for purely sexual reasons - either to attract straight men or because they are sexually aroused by the idea of being or becoming female. This sexualizing of trans women’s motives is of course nothing new. In the media, trans women are regularly depicted as either sex workers, sexual deceivers who prey on unsuspecting straight men, or as fetishists who get off on the idea of wearing women’s clothing. The media’s (as well as Bailey’s) assumption that MTF (but not FTM) transsexuals transition in order to fulfill some kind of sexual fantasy not only dismisses trans women’s deeply experienced female gender identities, but also insinuates that women as a whole have no worth beyond their ability to be sexualized. (For those interested, I discuss this more in depth in my own book Whipping Girl: A Transsexual Woman on Sexism and the Scapegoating of Femininity).
Much of the transgender community’s initial outrage over Bailey’s book centered on the fact that it was presented to the public as a work of science. It was published by Joseph Henry Press, an imprint of National Academies Press, whose goal is “publishing well-crafted, authoritative books on science, technology, and health for the science-interested general public.” But if one looks beyond the back cover copy, one finds little science at all. Bailey simply rehashes a scientifically flawed theory that was put forward by fellow sexologist Ray Blanchard nearly a decade ago. Rather than providing data to support Blanchard’s theory, Bailey instead attempts to make his points through the use of lurid (and often demeaning) anecdotes, sexist and racist commentary, gross generalizations and unsubstantiated speculations (for specific details, see Joan Roughgarden’s review of the book). In addition, Bailey conveniently claims that trans women and gay men whose personal accounts differ from his thesis are merely lying (he’s used this tactic before: see a 2005 NY Times article called "Straight, Gay or Lying? Bisexuality Revisited," in which Bailey insinuates that men who say they are attracted to both sexes are lying).
Of course, this week’s NY Times article doesn’t discuss the hypersexualization of trans women in our culture, and it barely mentions the fact that Bailey falsely presented stereotypes and sexual innuendo as “science” without any hard data to back his claims up. Rather, the article focuses almost entirely on accusations made by Alice Dreger in her forthcoming article in the journal Archives of Sexual Behavior, in which she claims that several prominent trans activists stooped to conducting personal attacks on Bailey during their campaign against the book. As Dreger comments in the NY Times article:
“If we’re going to have research at all, then we’re going to have people saying unpopular things, and if this is what happens to them, then we’ve got problems not only for science but free expression itself.”
Now, I’m not going to comment about the accusations Dreger makes, as the trans activists involved have denied her charges and have made counter-accusations of their own. And while Dreger presents her essay as a work of scholarly history, it’s clear that she is not an impartial, objective observer - she is currently an associate of Bailey’s and has become embroiled in the controversy that surrounds the book herself.
What does strike me though are the parallels between the way Bailey misrepresented anecdotes and opinions as “science” in his book and the way Dreger’s take on this controversy is now being misrepresented as a work of scholarly/scientific history. Indeed, the fact that a scientific journal such as Archives of Sexual Behavior would dedicate a whopping 62 pages (several times more than it allocates to standard research articles) to Dreger’s highly personalized account of this matter is unusual to say the least. While it is not uncommon for scientific journals to publish viewpoints from individual scientists on noteworthy issues, they tend to be clearly designated as editorials or opinions pieces, rather than as actual research papers (as Dreger’s article is being presented).
As an academic scientist myself, what bothers me most about the NY Times’ retelling of this controversy is that they portrayed Bailey as a “scientist under siege” fighting for academic freedom, without any mention of *academic responsibility*. In our society, people tend to view opinions as being inherently valid when they are spoken in the name of science and when the person voicing them has an advanced degree in a germane field. Perhaps nowhere is this more obvious than in public discourses on transsexuality, where the opinions of non-trans “experts” (whether they be psychiatrists, sexologists, sociologists or gender theorists) regularly trump, or completely stand in for, the perspectives of actual transsexuals.
The fact is that when a self-appointed “expert” like Bailey claims that transsexual women transition for purely sexual reasons, and that they are lying if they state otherwise, people will believe him because of his academic/scientist status. The NY Times may try to frame the controversy surrounding Bailey’s book as an example of political correctness run amok, but the truth of the matter is that Bailey himself did exponentially more damage to the field of academic research when he misrepresented anecdotes and innuendos as though they were science.
-julia
Thursday, August 23, 2007
Gender Confusion
Gender Confusion
With few answers in gender mix-up case in D.C. jails, activists look for solutions
by Yusef Najafi
Published on August 23, 2007
It's hard to imagine what Virginia Grace Soto went through during the two days she spent at a male detention center at the D.C. jail. After her arrest in July for a missed court date -- stemming from her April arrest on suspicion of prostitution -- she was wrongfully perceived to be a male-to-female transgender.
Despite being strip searched and having female genitalia, Soto's androgynous appearance led to assumptions that placed the 47-year-old in a male facility where she had to shower with four other men. Her pleas to be moved to a female facility were repeatedly ignored.
Anonymous government sources shared an internal report with The Washington Post last week, which reported that D.C. officials plan to fire three corrections officers involved in the mix up.
Virginia Grace Soto
But that's simply not enough, says local transgender activist Ruby Corado, who says she hears stories like Soto's all the time.
''It's the perfect example of how not having a plan on how to deal with individuals that do not fit in the binary gender of this society, of being male or female, creates [problems],'' she says.
It was, in fact, just a few days ago that Corado met with other community members, including those from Transgender Health Empowerment, to discuss the Police Department's lack of understanding and sensitivity toward individuals who fall outside of societal gender norms, during arrests and incarcerations.
''There's really no guidelines that are in place on how to deal with transgender individuals,'' Corado says. ''And the bigger [issue] is people are arrested, booked, and then... housed in the wrong section of the jails [where] they just get victimized over and over again.''
Traci Hughes, a spokesperson for the Metropolitan Police Department (MPD), says the department's procedure in such cases is to contact someone from the Gay and Lesbian Liaison Unit (GLLU).
''[It's] to make sure that the person who is arrested feels comfortable enough and that we are classifying the person correctly,'' she says. ''We want to make sure we adhere to any degree of sensitivity that's involved when dealing with this particular segment of our population.''
Hughes says she cannot comment specifically on the Soto case, directing any questions to representatives from the mayor's office. Calls seeking comment before Metro Weekly deadline were not returned.
Sgt. Tania Bell from the GLLU was contacted in late April, when Soto was arrested for suspicion of prostitution. But Bell says it was the two arresting officers, who's names she does not recall, from the MPD's Fourth District Station, and not her, who determined that Soto was a transgender male-to-female.
''I did not identify her as a transgender male,'' Bell says, responding to the Post article, which says Bell ''ultimately booked [Soto as] a man'' after interviewing her.
''I was attempting to interview her,'' Bell recalls. ''She had very masculine features, so I assumed based on the information that I had been given, and the reason that I was called there, that she was a transgender male-to-female.''
Bell says that she did not identify Soto as male during the interview, for which Bell used a Spanish-language interpreter. Adding to the difficulty of the interview, she says, Soto often yelled and screamed.
''We still didn't understand what she said in Spanish,'' Bell adds.
What happened to Soto is what the Trans Coalition, a group of transgender activists and allies who work to improve the lives of transgender people in Washington, hopes to prevent. In late June, the group launched a campaign to improve how D.C. jails, the MPD and Fire and Emergency Medical Services (EMS) handle transgender people by demanding training, and by offering definitions and other information.
In addition to asking that hormone therapy be made available through the District's medical services, the Trans Coalition's written proposal asks law enforcement personnel in the city to find ways to recognize and prevent harassment of transgender people; to address inmates in a manner appropriate to their gender identity; and to formally adopt a written policy that safely houses transgender people according to their gender identity.
''We want to see some clarity, because this is what is happening to transgender people all the time,'' says Corado. ''This is just one particular case where they got the wrong [gender] but, trust me, it is going on all the time and they really need to come up with some ideas.''
The Trans Coalition is online at http://dctc.squarespace.com/.
Despite being strip searched and having female genitalia, Soto's androgynous appearance led to assumptions that placed the 47-year-old in a male facility where she had to shower with four other men. Her pleas to be moved to a female facility were repeatedly ignored.
Anonymous government sources shared an internal report with The Washington Post last week, which reported that D.C. officials plan to fire three corrections officers involved in the mix up.
Virginia Grace Soto
But that's simply not enough, says local transgender activist Ruby Corado, who says she hears stories like Soto's all the time.
''It's the perfect example of how not having a plan on how to deal with individuals that do not fit in the binary gender of this society, of being male or female, creates [problems],'' she says.
It was, in fact, just a few days ago that Corado met with other community members, including those from Transgender Health Empowerment, to discuss the Police Department's lack of understanding and sensitivity toward individuals who fall outside of societal gender norms, during arrests and incarcerations.
''There's really no guidelines that are in place on how to deal with transgender individuals,'' Corado says. ''And the bigger [issue] is people are arrested, booked, and then... housed in the wrong section of the jails [where] they just get victimized over and over again.''
Traci Hughes, a spokesperson for the Metropolitan Police Department (MPD), says the department's procedure in such cases is to contact someone from the Gay and Lesbian Liaison Unit (GLLU).
''[It's] to make sure that the person who is arrested feels comfortable enough and that we are classifying the person correctly,'' she says. ''We want to make sure we adhere to any degree of sensitivity that's involved when dealing with this particular segment of our population.''
Hughes says she cannot comment specifically on the Soto case, directing any questions to representatives from the mayor's office. Calls seeking comment before Metro Weekly deadline were not returned.
Sgt. Tania Bell from the GLLU was contacted in late April, when Soto was arrested for suspicion of prostitution. But Bell says it was the two arresting officers, who's names she does not recall, from the MPD's Fourth District Station, and not her, who determined that Soto was a transgender male-to-female.
''I did not identify her as a transgender male,'' Bell says, responding to the Post article, which says Bell ''ultimately booked [Soto as] a man'' after interviewing her.
''I was attempting to interview her,'' Bell recalls. ''She had very masculine features, so I assumed based on the information that I had been given, and the reason that I was called there, that she was a transgender male-to-female.''
Bell says that she did not identify Soto as male during the interview, for which Bell used a Spanish-language interpreter. Adding to the difficulty of the interview, she says, Soto often yelled and screamed.
''We still didn't understand what she said in Spanish,'' Bell adds.
What happened to Soto is what the Trans Coalition, a group of transgender activists and allies who work to improve the lives of transgender people in Washington, hopes to prevent. In late June, the group launched a campaign to improve how D.C. jails, the MPD and Fire and Emergency Medical Services (EMS) handle transgender people by demanding training, and by offering definitions and other information.
In addition to asking that hormone therapy be made available through the District's medical services, the Trans Coalition's written proposal asks law enforcement personnel in the city to find ways to recognize and prevent harassment of transgender people; to address inmates in a manner appropriate to their gender identity; and to formally adopt a written policy that safely houses transgender people according to their gender identity.
''We want to see some clarity, because this is what is happening to transgender people all the time,'' says Corado. ''This is just one particular case where they got the wrong [gender] but, trust me, it is going on all the time and they really need to come up with some ideas.''
The Trans Coalition is online at http://dctc.squarespace.com/.
A propósito de despsiquiatrização da população Transgénero e do posterior comentário da Eduarda.......
Este post vem na sequência de um comentário da Eduarda sobre a reflexão das panteras relacionada com o debate sobre a despsiquiatrização da populção transgénero.....
As afirmações absolutistas do comentário da Eduarda merecem alguma reflexão e apesar das tentativas de não me emiscuir no debate, a confusão em torno desta questão já chegou a tal ponto que precisa de uma achega ( para ficar mais confusa, claro)..
Se bem percebi, o post faz referência sim a pessoas transgénero, e muito bem, porque independentemente do diagnóstico clinico que lhe seja atribuido, isso não significa automáticamente que a pessoa se deva ou tenha obrigatóriamente de definir como transexual.
Pessoalmente não me revejo nesse tipo de imposição clinica que me obriga a definir-me como transexual, e para dar um exemplo prático:
Eu, Jó Bernardo, com um historial de vida segundo o género pretendido de 21 anos, diagnosticada clinicamente como transexual segundário (eu preferia segundária em vez de segundário!!...) não me defino como transexual mas sim como transgénero e nesse sentido revejo-me plenamente no texto escrito pelo Sergio e pergunto-me igualmente a que propósito é que as decisões relacionadas com a minha identidade devam depender exclusivamente e arbitrariamente de psicólogos cujo conhecimento em matéria de identidade de género é bem mais limitada que a minha ou a de muitas/os de nós.
Estarei eu ou o Sergio a dizer que se deve abolir o acompanhamento psicológico sem mais? Não me parece ter alguma vez lido tal afirmação, mas estamos concerteza a lutar por que o poder de decisão deixe de estar concentrado num só lado da balança e que o nosso futuro deixe de depender exclusivamente de terceiros, e repito, cujo conhecimento na matéria continua além do desejado, salvo mui raras excepções, obviamente, mas demasiado insignificantes para que produzam alterações de fundo no sistema.
Haverá outras formas de luta concerteza, mas então por favor, que sejam apresentadas de forma concreta e com estratégia! E não nos fiquemos pelo mero chorro de desagrados.
Se bem percebi, o post faz referência sim a pessoas transgénero, e muito bem, porque independentemente do diagnóstico clinico que lhe seja atribuido, isso não significa automáticamente que a pessoa se deva ou tenha obrigatóriamente de definir como transexual.
Pessoalmente não me revejo nesse tipo de imposição clinica que me obriga a definir-me como transexual, e para dar um exemplo prático:
Eu, Jó Bernardo, com um historial de vida segundo o género pretendido de 21 anos, diagnosticada clinicamente como transexual segundário (eu preferia segundária em vez de segundário!!...) não me defino como transexual mas sim como transgénero e nesse sentido revejo-me plenamente no texto escrito pelo Sergio e pergunto-me igualmente a que propósito é que as decisões relacionadas com a minha identidade devam depender exclusivamente e arbitrariamente de psicólogos cujo conhecimento em matéria de identidade de género é bem mais limitada que a minha ou a de muitas/os de nós.
Estarei eu ou o Sergio a dizer que se deve abolir o acompanhamento psicológico sem mais? Não me parece ter alguma vez lido tal afirmação, mas estamos concerteza a lutar por que o poder de decisão deixe de estar concentrado num só lado da balança e que o nosso futuro deixe de depender exclusivamente de terceiros, e repito, cujo conhecimento na matéria continua além do desejado, salvo mui raras excepções, obviamente, mas demasiado insignificantes para que produzam alterações de fundo no sistema.
Haverá outras formas de luta concerteza, mas então por favor, que sejam apresentadas de forma concreta e com estratégia! E não nos fiquemos pelo mero chorro de desagrados.
Não me defino como transexual porquê?
Porque é uma mera definição clinica restritiva e limitada para a definição de uma personalidade ou se quisermos de uma identidade, ao contrario das definições de homem ou mulher que são definições abstratas porque definem exclusivamente o género e não têm em conta a morfologia as patologias, disforias, cor, orientação sexual, etc.
A definição do termo transexual ao não evoluir transformou-se na definição mais absurda se compararmos com todas as outras, porque continua a fazer referência ao sexo e não ao género quando estamos cansadas/os de saber que não é assim. Clinicamente as/os mesmos técnicos que opinam e decidem sobre a matéria insistem na imposição de um determinado comportamento sexual, demonstrando uma ignorância profunda sobre a população que acompanha.
Qualquer uma destas e muitas outras incorrecções, na definição do termo transexual, são susceptiveis de criar mecanismos de exclusão junto de outros grupos que, por razões culturais sociais ou até educacionais, não se revêm na definição de transexualidade tradicional mas que nem por isso deixam de ser transexuais em termos de definição clinica ( partindo do principio do que é a definição actual em Portugal).
Porque é que me defino como Transgénero?
Transgénero porque, para além das especificidades dentro do grupo de definição clinica do diagnóstico de transexualidade, ( primária, segundária, etc) e da orientação sexual multipla de cada um destes individuos, existem milhares de outras visões e manifestações de identidade de género que mereceriam concerteza o respectivo diagnostico de transexualidade num contexto civilizacional ocidental mas que se manifestam social e/ou culturalmente de outra forma. Compreendo que se estivermos sempre na mesma capelinha a rezar sempre ao mesmo santo, seja natural que o que nos interessa é o que vai dentro da sacristia e não o que vai evoluindo no mundo.
A palavra transgénero, deriva do termo Transgender, utilizado já á algumas decadas por uma comunidade que percebeu e muito bem como, sendo tão diversa, encontrava pontos em comum na sua luta pelos direitos mais elementares, incluindo a luta pelos direitos especificos das/os transexuais.
A palavra transgénero teve e continua a ter como objectivo principal a inclusão das mais variadas formas de representação social do género e evitar eventuais exclusões de grupos ou manifestações que não se revejam nas definições tradicionais. E não sou eu quem o diz, são as instituições mais credênciadas a nivel mundial e não pequenos grupos fundamentalistas transexuais, saidos da cabeça de algumas, poucas, ressabiadas que estão a anos luz de afirmar ou desvirtuar terminologia globalmente aplicaca e que continua, em termos de definição a ser a mais consensual entre a maioria (da população transgénero obviamente, não da transexual radical!).
Mas vamos ao que interessa de facto:
Em que medida é que a terminologia prejudica ou altera substancialmente a defesa dos interesses da comunidade trans (de transgénero e não de transexual)?
Em termos de formação generalizada, pouco ou nada.
Lembram-se das reações iniciais da imprensa e das associações LGB relacionadas com o caso Gisberta no que se refere à utilização da terminologia? Teremos a memória assim tão curta?
Em termos de estratégia politica junto das instituições, qual a terminologia a adoptar?
É obvio que a definição de transexualidade terá que ser utilizada sempre que o objectivo for institucional, juridico, etc, porque o objectivo principal é o de permitir a adquisição de direitos utilizando a linguagem mais comum. Mas isso não significa que tenhamos que passar a ter que nos defenirmos todas/os como transexuais.
Em termos de acompanhamento clinico e utilizando a minha situação especifica, (que é para não me por a dizer a torto e a direito “ eu tenho um amigo que..”) ( prived jocke) dizia eu, no meu caso especifico e que no fundo é da maioria (por mais que isso incomode a minoria):
O simples facto de ter optado por não efectuar a operação de reasignamento de sexo, deve de ser considerado como razão suficiente de exclusão para acompanhamento clinico?
Qual o argumento sustentavél para que eu abdique da minha pretenção a aceder em igualdade de circunstancias aos mesmos tratamentos e direitos que qualquer pessoa que se diz transexual, independentemente de ter optado por não efectuar a cirurgia de reasignamento de sexo?
É preferivel continuar a falsear o diagnostico ao invés de afirmar a diversidade da população transgénero (especialmente a transexual) para se alcançar o objectivo, qualquer que ele seja?
E as/os “auto-denominadas/os” transexuais (auto-denominadas/os porque o diagnóstico ainda não foi concluido) que mentem descaradamente aos clinicos sobre o desempenho dos seus orgãos genitais nos seus relacionamentos sexuais ou sobre a sua orientação sexual devem também ser excluidos do processo?
A continuarmos assim não fica ninguem para a amostra para os "study case" dos Senhores Doutores!
Recusando eu a definição de transexual segundo os critérios utilizados em Portugal...Terei que passar a designar-me por andrógina?...
É preferivel continuar a falsear o diagnostico ao invés de afirmar a diversidade da população transgénero (especialmente a transexual) para se alcançar o objectivo, qualquer que ele seja?
E as/os “auto-denominadas/os” transexuais (auto-denominadas/os porque o diagnóstico ainda não foi concluido) que mentem descaradamente aos clinicos sobre o desempenho dos seus orgãos genitais nos seus relacionamentos sexuais ou sobre a sua orientação sexual devem também ser excluidos do processo?
A continuarmos assim não fica ninguem para a amostra para os "study case" dos Senhores Doutores!
Recusando eu a definição de transexual segundo os critérios utilizados em Portugal...Terei que passar a designar-me por andrógina?...
Em termos de comparação de diagnostico:
O que é que me diferência da Eduarda para a Eduarda merecer o estatuto de transexual e eu o de andrógina? (porque a questão aqui não é sobre transgéneros. Transgéneros, segundo a definição internacional somos todas/os)
O viver á 21 anos segundo o meu género identitário mas sem o amen dos respectivos clinicos?
Partindo desse principio, a definição terminológica depende exclusivamente do ser ou não ser acompanhada no SNS?
A utilização dos meus orgãos genitais?
A minha feminilidade natural? (contestável é claro)
O facto de eu me recusar a pertencer a ser definida por uma terminologia incorrecta, restrictiva, meramente clinica e optar por uma outra muito mais abrangente e menos discriminatória faz de mim uma andrógina?
A minha orientação sexual que em termos de diagnóstico até é tradicional? (Eu adoro homens com H grande).
A minha feminilidade natural? (contestável é claro)
O facto de eu me recusar a pertencer a ser definida por uma terminologia incorrecta, restrictiva, meramente clinica e optar por uma outra muito mais abrangente e menos discriminatória faz de mim uma andrógina?
A minha orientação sexual que em termos de diagnóstico até é tradicional? (Eu adoro homens com H grande).
E que conste que a definição de "andrógina" aplicada à minha pessoa não mereçe qualquer comentário depreciativo da minha parte, pelo contrario, orgulho-me muito de fazer parte desta grande comunidade Transgénero (de Transgender People) a que afirmo pertencer.
E se de facto uma mulher não ter seios não é uma imposição social então porque será que as protéses de cilicone esgotam á medida que são fabricadas? Um mero capricho?
E as que se fazem operar no mesmo serviço do HSM que nós, quer seja para aumento do peito quer seja para diminuição, e cujo argumento é também o de que não se sentem bem com o seu corpo e que cria problemas de socialização, de saúde, de depressão, etc..
Serão elas alvo da mesma "atenção" e acompanhamento psiquiátrico?
deve de lhes ser exigido também o mesmo tempo de acompanhamento?
Ou pura e simplesmentye de de lhes ser retirado esse direito? (para os argumentadores da "natureza".)
De uma coisa estou certa, é concerteza um acrescento mais na diferenciação dos modelos binários.
Obviamente que todas as pessoas ou grupos são livres e autónomas/os (espera-se) de tomarem as posições que melhor lhes convier e, haverá sempre grupos que se apropriem da sigla trans (abreviação de transgender e não transexual) para tecerem os mais interesseiros argumentos. Até já há quem afirme que após a respectiva operação de reasignamento de sexo se passa a ex-transexual.....o que se esquece é que partindo da perspectiva de que a definição se baseia no principio da mudança de terminologia segundo o percurso efectuado, o argumento omite um pequeno detalhe que espelha bem a conveniência da afirmação, segundo esse critério, esqueceu-se de que para se ser ex-transexual ja se foi também ex-homem, e mesmo que este argumento parecesse ridiculo aos olhos dos bem pensantes, bastaria o argumento de que mulher nunca será..... anatomia biologica oblige!!!!
Obviamente que cada um/a deve lutar segundo os seus interesses pessoais, somos livres blablabla. Mas não poderemos esquecer que perdemos qualquer autoridade argumentativa contra todo o tipo de discriminação ao olharmos só para o nosso umbigo e que este retrocesso que se verifica em Portugal em termos de discurso, deriva exclusivamente da manifestação egoista de pessoas que têm como unico interesse, resolver a sua questãozinha pessoal fomentando dessa forma uma visão fechada em torno de uma terminologia, esquecendo-se propositadamente, ou não, de que há outras visões do mundo e outras vias que merecem ser igualmente respeitadas, mas essas, porque nos são alheias, não merecem ser consideradas. É pena, apesar de estarem no seu direito.
No que me diz respeito, lamento, mas não me revejo nos argumentos da Eduarda e não quero fazer parte de um grupo que teima em querer diferenciar-se pela terminologia que não faz juz á inteligência de quem a utiliza como definição identitária ou como imposição de diferênciação, pelo incorrecta e depreciativa que é.
Defenderei sempre todas as causas que sirvam a implementação dos direitos elementares de qualquer grupo no sentido de uma melhor integração social e cultural de igualdade de direitos desses mesmos grupos mas nunca defenderei movimentos fundamentalistas de auto-afirmação. E esta é para mim uma forma de fundamentalismo com o qual me recuso a pactuar, nenhuma transexual tem o direito de impor uma diferênciação sobre outra pessoa que sendo talvez transexual não o sabe ou não se identifica com visões estremas com as quais a mesma se identifica ou que obrige a uma qualquer certificação clinica, elaborado de forma arbitrária e muito provávelmente falseado pelo testemunho apresentado.
Compreendo que essa possa ser até a via mais fácil em termos de defesa de direitos sociais, mas terá custos elevadissimos junto da população transgénero que não se reveja nessa visão limitada sobre a definição do género que, pessoalmente, não estou disposta a pagar.
Acredito profundamente que a discussão do modelo binário para consumo interno, faria cair por terra muitas das interrogações que são postas hoje em dia á população transgénero (transexual incluida) e que passariamos mais facilmente para a analise sobre as estratégias a adoptar para a obtenção dos nossos direitos, independentemente das diferenças que nos caracterizam. Enquanto discutimos qual dos anjos é que a tem maior ou se é anjo ou diabinho, muita gente esfrega as mãos de contente porque enquanto o debate estiver ao nivel de discutir quem mete o T e tira o T e acrescenta mais o F... ninguem será confrontado com o que realmente interessa, mas para isso seria necessário deixar de olhar tanto para o proprio umbigo e olhar um pouco mais para o que gira para além da nossa roda.
Jó
Obviamente que todas as pessoas ou grupos são livres e autónomas/os (espera-se) de tomarem as posições que melhor lhes convier e, haverá sempre grupos que se apropriem da sigla trans (abreviação de transgender e não transexual) para tecerem os mais interesseiros argumentos. Até já há quem afirme que após a respectiva operação de reasignamento de sexo se passa a ex-transexual.....o que se esquece é que partindo da perspectiva de que a definição se baseia no principio da mudança de terminologia segundo o percurso efectuado, o argumento omite um pequeno detalhe que espelha bem a conveniência da afirmação, segundo esse critério, esqueceu-se de que para se ser ex-transexual ja se foi também ex-homem, e mesmo que este argumento parecesse ridiculo aos olhos dos bem pensantes, bastaria o argumento de que mulher nunca será..... anatomia biologica oblige!!!!
Obviamente que cada um/a deve lutar segundo os seus interesses pessoais, somos livres blablabla. Mas não poderemos esquecer que perdemos qualquer autoridade argumentativa contra todo o tipo de discriminação ao olharmos só para o nosso umbigo e que este retrocesso que se verifica em Portugal em termos de discurso, deriva exclusivamente da manifestação egoista de pessoas que têm como unico interesse, resolver a sua questãozinha pessoal fomentando dessa forma uma visão fechada em torno de uma terminologia, esquecendo-se propositadamente, ou não, de que há outras visões do mundo e outras vias que merecem ser igualmente respeitadas, mas essas, porque nos são alheias, não merecem ser consideradas. É pena, apesar de estarem no seu direito.
No que me diz respeito, lamento, mas não me revejo nos argumentos da Eduarda e não quero fazer parte de um grupo que teima em querer diferenciar-se pela terminologia que não faz juz á inteligência de quem a utiliza como definição identitária ou como imposição de diferênciação, pelo incorrecta e depreciativa que é.
Defenderei sempre todas as causas que sirvam a implementação dos direitos elementares de qualquer grupo no sentido de uma melhor integração social e cultural de igualdade de direitos desses mesmos grupos mas nunca defenderei movimentos fundamentalistas de auto-afirmação. E esta é para mim uma forma de fundamentalismo com o qual me recuso a pactuar, nenhuma transexual tem o direito de impor uma diferênciação sobre outra pessoa que sendo talvez transexual não o sabe ou não se identifica com visões estremas com as quais a mesma se identifica ou que obrige a uma qualquer certificação clinica, elaborado de forma arbitrária e muito provávelmente falseado pelo testemunho apresentado.
Compreendo que essa possa ser até a via mais fácil em termos de defesa de direitos sociais, mas terá custos elevadissimos junto da população transgénero que não se reveja nessa visão limitada sobre a definição do género que, pessoalmente, não estou disposta a pagar.
Acredito profundamente que a discussão do modelo binário para consumo interno, faria cair por terra muitas das interrogações que são postas hoje em dia á população transgénero (transexual incluida) e que passariamos mais facilmente para a analise sobre as estratégias a adoptar para a obtenção dos nossos direitos, independentemente das diferenças que nos caracterizam. Enquanto discutimos qual dos anjos é que a tem maior ou se é anjo ou diabinho, muita gente esfrega as mãos de contente porque enquanto o debate estiver ao nivel de discutir quem mete o T e tira o T e acrescenta mais o F... ninguem será confrontado com o que realmente interessa, mas para isso seria necessário deixar de olhar tanto para o proprio umbigo e olhar um pouco mais para o que gira para além da nossa roda.
Jó
Saturday, August 18, 2007
Transgender Awareness Day events in WGN
Wednesday, August 15, 2007
Transgender Awareness Day events in WGN Today is Transgender Awareness Day, and the Wellington branch of trans social and support organisation 'Agender' seek to remind Kiwis that "Sex is between the legs, Gender is between the ears." In a San Francisco all-night café called Comptons in August 1966, transgendered people fought back for the first time against the harassment, abuse and discrimination heaped on then by the wider community and specifically the local Police, explains Claudia McKay, President of Agender NZ. "This is still significant today, because all transpeople -- wherever they are -- need to acknowledge those who first stood up and said ‘No more’ to the abuses suffered by this community literally for centuries, within western society," says McKay. "Much has changed for transpeople since the rebellion at Comptons Café forty one years ago. Many of those who were there are now dead, those that are alive can say it is easier to live as your true self now, and yet, even now many people in the wider community do not understand, or carry misconceptions about us that all too often shows its ugly side in words and deeds." McKay notes that in a few weeks the Human Rights Commission will release the results of its enquiry into discrimination against transgender people in New Zealand. "We believe that our community is one of the most discriminated against of any minority group in the country and this enquiry, which is the first National enquiry of its type known to be conducted anywhere in the world, will shed light and make recommendations that if acted upon will significantly improve the lives of thousands of transpeople in Aotearoa." Today, August 15, Agender will honour its heroes and challenge New Zealanders to be tolerant of all difference, not just those considered to be politically correct. A stall will be erected in Midland Park in Central Wellington from 11am to 2pm today where the public can meet and learn from and about the trans community, "who are, in reality, part of the whole, not some separate unit to be abused and discarded. "We contribute to society and want everyone to know it," McKay makes clear. Agender has also organised a discussion panel of several members from across the gender spectrum tomorrow, for open and honest answers regarding transgender identity and issues. Following a brief introduction from each panellist, they will all share some of their stories, and invite questions from the audience. "Don’t be shy, this discussion is open to everybody and anybody so it would be fantastic if as many of you as possible would be keen to come along," says Agender's Jaimie Veale. The discussion will be held on Thursday August 16 at 5pm, in Meeting Room 1 of the Student Union Building, Kelburn Campus, Wellington. Refreshments will also be provided. A poster with further details on the event is available to view on the link below.
Transgender Awareness Day events in WGN Today is Transgender Awareness Day, and the Wellington branch of trans social and support organisation 'Agender' seek to remind Kiwis that "Sex is between the legs, Gender is between the ears." In a San Francisco all-night café called Comptons in August 1966, transgendered people fought back for the first time against the harassment, abuse and discrimination heaped on then by the wider community and specifically the local Police, explains Claudia McKay, President of Agender NZ. "This is still significant today, because all transpeople -- wherever they are -- need to acknowledge those who first stood up and said ‘No more’ to the abuses suffered by this community literally for centuries, within western society," says McKay. "Much has changed for transpeople since the rebellion at Comptons Café forty one years ago. Many of those who were there are now dead, those that are alive can say it is easier to live as your true self now, and yet, even now many people in the wider community do not understand, or carry misconceptions about us that all too often shows its ugly side in words and deeds." McKay notes that in a few weeks the Human Rights Commission will release the results of its enquiry into discrimination against transgender people in New Zealand. "We believe that our community is one of the most discriminated against of any minority group in the country and this enquiry, which is the first National enquiry of its type known to be conducted anywhere in the world, will shed light and make recommendations that if acted upon will significantly improve the lives of thousands of transpeople in Aotearoa." Today, August 15, Agender will honour its heroes and challenge New Zealanders to be tolerant of all difference, not just those considered to be politically correct. A stall will be erected in Midland Park in Central Wellington from 11am to 2pm today where the public can meet and learn from and about the trans community, "who are, in reality, part of the whole, not some separate unit to be abused and discarded. "We contribute to society and want everyone to know it," McKay makes clear. Agender has also organised a discussion panel of several members from across the gender spectrum tomorrow, for open and honest answers regarding transgender identity and issues. Following a brief introduction from each panellist, they will all share some of their stories, and invite questions from the audience. "Don’t be shy, this discussion is open to everybody and anybody so it would be fantastic if as many of you as possible would be keen to come along," says Agender's Jaimie Veale. The discussion will be held on Thursday August 16 at 5pm, in Meeting Room 1 of the Student Union Building, Kelburn Campus, Wellington. Refreshments will also be provided. A poster with further details on the event is available to view on the link below.
Ref: Agender (m)
Thursday, August 16, 2007
ALWAYS FEELING DIFFERENT
I knew I liked girls when I was probably six or seven years old, though I didn’t know why I was feeling that way. When I was about 18 or 19 I decided I was gay – it was all I knew at the time. I didn’t have an understanding of what transgender or transsexual was.
I was always attracted to straight women and I couldn’t understand what that was about. It worked for me at that time though, so I was happy with that.
It was hard to have long-term relationships with straight women, because they would always go back to men. So when I was 30 I decided I would be interested in lesbians. But when I started going out in the gay community I felt different. It was hard for me to come across anyone I found attractive.
I used to have a strong reaction to bridge women, so I would engage them in conversation. I was really surprised to hear that they didn’t feel like men – they dressed like men, but that was about presentation. They didn’t want to be labelled in a particular way.
I was studying counselling at that time and learning about gender issues. I hadn’t had much exposure to it, and I found that lesbians weren’t very open in talking to me about it. There is still so much confusion around the issue.
I then started dating feminine lesbian women and there were also some issues there. Every now and then I found them to be a bit masculine and that made me uncomfortable at times.
But for the last two years I have been with a partner who has a lot of knowledge on the subject. She helped me to understand that I was transgender.
I don’t want to change my sex and I don’t want to become a man. I am happy this way and I am not going to go there. That is where a lot of the confusion and misunderstanding comes from.
Most of the other women I have met who are in a similar position will have the operation and change their sex, so I do feel quite alone. I am sure there are others out there, but I haven’t met them.
I am now beginning to understand why, when I go out on the scene, I am not attracted to lesbians. However, I sometimes find feminine lesbians attractive.
I now formally identify as transgender. I don’t specifically dress like a man or wear men’s clothes. Maybe if I was a man I would be happy to wear men’s clothes, but I am comfortable with the identity I have got.
I wear women’s clothes, but I wear pants and a shirt that are not of a feminine presentation.
People would not know I am transgender by looking at me – they usually see me as a tomboy. Straight women are often attracted to me though. I don’t know whether it is for fun or because they are attracted to a male energy.
If people ask how I identify, I will often say I am gay. But I will say I am transgender if I am talking to someone who has an understanding of gender issues.
In my experience, the straight community has been more willing to understand it. When I talk to lesbians there has sometimes been a negative reaction. A few women I have spoken to when I go out on the scene just look at me in a really confused way. I have definitely found that within the lesbian community there is a lack of knowledge.
* Not her real name.
As told to Cara Davis
Internet Comments:
User Comment
Submitted by Craig, from Sydney, NSW,on the 16/08/2007 3:57:27 PM
Congratulations! to the SSO for putting this accurate piece of information about transgender 'out there' and not turning it into a hodgepodge. Well done! More power to 'Kim' in life as well! Kim said: " I don’t want to change my sex and I don’t want to become a man. I am happy this way and I am not going to go there...Most of the other women I have met who are in a similar position will have the operation and change their sex, so I do feel quite alone. I am sure there are others out there, but I haven’t met them.".... there ARE transgender girls out there like yourself. You might need to 'hunt a little" than usual, but they are absolutely around. It's true there is that group of men around (in apparently female-looking bodies) who will correct their sex and their birth certificate - but my friend - there is definitely plenty of women just like yourself who are transgender. I hope you meet some through this excellent piece of journalism. FTM Australia http://www.ftmaustralia.org/
Despsiquiatrização (trans), ou o busilis de toda a questão (ou ainda: os psiquiatras como polícia do género)
Numa altura em que em vários países, as pessoas transgénero começam a conquistar algum reconhecimento legal da sua existência e dos seus direitos, mas em que a medicalização do tema, reduzido a doença pelos médicos e, concomitantemente, a "erro da natureza" pela própria maioria de trans (sejam transexuais, transgénero, travestis, ou outr@s), o movimento T começa a deixar transparecer, em alguns países, uma séria clivagem - geracional mas sobretudo ideológica e estratégica - entre duas correntes distintas: uma, que, aceitando o 'status quo' estatal e médico de que as identidades de género não conformes à sociedade do binarismo absoluto M/F são uma "disforia de género", e portanto uma questão essencialmente médica; outra, assumida sobretudo por jovens trans, que recusa esse 'status quo' e o poder dos psiquiatras sobre as suas vidas, recusando a classificação de doença, afirmando essas identidades de género como parte natural da diversidade humana ("disforia não, euforia de género!"), recusando o reducionismo médico (e da recente Lei espanhola), que reduz todas as realidades trans à transexualidade e só reconhece a transexualidade (@s trangénero em Espanha, para acederem aos tais direitos consagrados têm que obter um diagnóstico de transexualidade, mesmo que não o sejam), e defendem assim o reconhecimento da diversidade das próprias realidades trans ("sou trans e não me quero operar", por exemplo).
A clivagem é gigantesca e a questão não é para menos. Veja-se que as recentes medidas concretas aprovadas recentemente em Espanha, embora positivas porque alteram a vida concreta das pessoas e facilitam-lhes o viver no género escolhido com menor peso da discriminação e do estigma, se baseiam, porém, na ideia de que se trata de uma doença, e que é nessa base que estas pessoas vêem reconhecido o seu direito à protecção estatal, ou a que processos como o da mudança de nome sem obrigatoriedade de se ser operado/a sejam facilitados.
Veja-se, por outro lado, que o sistema médico - com excepção para uma minoria de profissionais mais evoluídos sobre a questão, incluíndo psiquiatras e psicólogos, que foram mais longe, compreenderam as reivindicações da própria comunidade trans e estão a ter novas práticas, mais desempoeiradas - não tem apenas vistas curtas, mas continua sobretudo a ser de enorme violência, ao encaixar à força as pessoas que o procuram na pequenez das suas próprias definições de "transexual" em vez de lhes dar espaço para se auto-definirem ou ainda, exemplo mais evidente, quando exige aos transexuais masculinos a sua esterilização - pois claro, que gajos com possibilidade de engravidarem, isso dava cabo do sacrossanto binarismo!
Pessoalmente, parti para este debate acreditando que a luta mais urgente nesta área da identidade de género e do combate ao binarismo de género - que argumentarei ser um combate necessário e comum a tod@s @s que lutam pela liberdade sexual e contra a discriminação sexual, e não apenas um combate trans com que o universo "lgb" deva ser "solidário" - deve incluir não apenas os direitos concretos conquistados em Espanha (e mais ainda), mas também e sobretudo combater a psiquiatrização forçada a que é sujeita maioria d@s trans.
Esta é uma questão que tem provocado uma discussão intensa e muito útil nas listas associativas e entre as próprias Panteras Rosa. As notas que se seguem, da minha autoria, são, no entanto, resultantes desse debate, com malta trans, com malta não-trans, como malta indefinida mas interessada, pouco importa. O que importa é alargar este mesmo debate, porque ele é central. Creio que o movimento trans vive hoje uma clivagem apenas comparada à dos movimentos homossexuais norte-americanos pré-Stonewall dos anos 50, que reivindicavam direitos e o fim da repressão com base no facto de estarem classificados como "doentes" - "recordam-se da classificação de "disfunção da função heterossexual que em Portugal só desapareceu em 2000?" - e ficaram de calças na mão quando a homossexualidade foi retirada dessa mesma lista de doenças pela American Psichiatry Association, mas entretanto já tinham sido ultrapassados pela revolta de Stonewall, que dava corpo a um novo movimento, mais radicalizado e nada disposto a aceitar a medicalização das suas identidades. Porque resulta de um debate, muitas destas notas surgem em forma de pergunta-resposta. As perguntas ou argumentos alheios surgem a bold, seguidas da minha opinião pessoal:
1 - Pré-questão lateral (que originou o debate): "É fundamental distinguir travestis de transexuais, pelo que devemos usar uma sigla com LGBTT".
Sim e não. Convém distinguir "travestismo" de "transexualidade", de "intersexualidade", de "trangenderismo", e etc, por uma questão de clarificação de conceitos. No entanto, e sem prejuízo de quem queira concentrar-se em trabalhar exclusivamente para parte destas realidades, julgo que a luta de todos estes grupos - e até da população lgb - contra o binarismo de género que nos impõe a falsidade da existência exclusiva de homens e de mulheres, é uma só, e que a opressão que sofremos em função deste falso binarismo é o nosso adversário comum, e justifica não apenas siglas como LGBTI (já usadas em alguns países), como o facto de realidades tão distintas se juntarem num mesmo movimento social.
Isto é válido, seja esse estigma traduzido em:
- homofobia (por sermos vistos como desviados face aos referentes sociais, aos papéis de género, de masculinidade e feminilidade);
- transfobia ou ainda negação da intersexualidade, porque a população trans (seja travesti, transexual, trangénera ou outra) e intersexual desafia o binarismo e comprova a sua falsidade ao demonstrar uma rica variedade de identidades de género e até de realidades biológicas que não cabem numa definição exacta de homem ou mulher;
- sexismo (porque aos referentes absolutos de macho e fêmea correspondem atributos de género e relações de poder socialmente construídas).
- machismo, que contraditoriamente é uma opressão que recai sobre tod@s, inclusivamente os seus supostos agentes, os Homens.
homofobia ou transfobia internalizada - veja-se como a própria "cultura gay", sobretudo a parte dela que já não é construída pelo movimento social mas pelo consumo - trabalha hoje os conceitos de masculinidade e discrimina a "bichice" e o "efeminado" sem se dar conta de que rejeita a própria liberdade de sermos quem somos ou como queremos ser, fora das imposições masculino (posição de poder e necessariamente hetero)/ femino (posição de submissão e necessariamente hetero) que estão na origem do sexismo e do patriarcado e, porque continuam a estruturar realidade social e mentalidade, na origem da própria discriminação da homossexualidade.
Voltando aos T's: considero útil distinguir conceitos, mas não considero útil que se separem e parcelem lutas que têm por inimigo comum o binarismo de género e as relações de poder que lhe estão associadas, porque esse sistema binário de géneros é a fonte comum da opressão de género que recai sobre todos estes grupos, e até é parcialmente fonte da lesbigayfobia, logo, deve ser o alvo comum de todas estas diferentes lutas de emancipação. Da mesma forma que não me envergonha se me chamarem trans ou travesti - pelo contrário, assumo solidariamente todas as identidades marginais que me queiram atribuir, mesmo que não sejam realmente aquelas que me traduzem - não creio que o universo trans deva , mesmo que lute pelo esclarecimento dos conceitos e das identidades diversas (que, por serem diversas, merecem ser nomeadas per se), dividir-se em lutas separadas ou sequer fazer questão de parcelamento da silga "T". Sobretudo porque vivemos uma realidade de grande discriminação interna entre "transexuais", "transgénero" e travestis, com que não devemos pactuar. Para lá do esclarecimento de conceitos, não compreendo nem aceito a necessidade de tant@s "T" se distinguirem de outros "T's", e soa-me àqueles bairros sociais típicos de Lisboa em que portugueses, ciganos e africanos se odeiam mutuamente e se separam, apesar de estarem todos no mesmo barco.
2 - Incomodam-me os discursos associativos - trans ou não - que mimetizam o discurso médico ao assumir falar de "disforia de género".
"Disforia" é um termo médico que foi utilizado neste século para psiquiatrizar a transexualidade e, com ela, as restantes realidades trans. As identidades de género que escapam à norma binária M/F - e mais ainda algumas realidades biológicas intersexuais, ainda muito pouco estudadas, que escapam à caracterização médica de macho e de fêmea - não são nem uma doença nem uma disforia, e está na altura de o afirmar e de deixarmos de pactuar com este discurso.
Doente é a sociedade que não sabe lidar com estas diferenças sem as categorizar como doenças e entregar a vida das pessoas nas mãos de médicos que as irão tratar como doentes mentais. A OMS prepara-se para, num curto espaço de tempo, retirar a transexualidade da lista de doenças, e no entanto, tal como aconteceu com a homossexualidade há mais de 20 anos, vemos ainda activistas trans a serem os primeiros a assumir o discurso da doença e da disforia, e até vemos a aprovação legal de direitos para as pessoas transexuais - como recentemente em Espanha - feito na base do pressuposto da doença, ou seja, de reconhecer direitos a "coitadinhos".
Basta! É inadmissível que a luta se faça na base dos coitadinhos doentes, tal como há 20 anos ainda havia organizações homossexuais a exigir direitos com base na classificação da "disforia" que lhes era atribuída. As identidades sexuais e de género marginalizadas nestas sociedade não são doenças. Para mim são - isso sim - o germen da subversão e transformação de uma sociedade binária que só vê homem/mulher tanto em termos de sexualidade como de género (sim, também importa, provavelmente até importa muito mais, distinguir os conceitos de "identidade de género" e de "papéis de género"), e que é incapaz de reconhecer a realidade e a natureza da própria diversidade da espécie humana. Esta é a nossa opressão e a nossa luta, sejamos l, g, b, t, t, t, t, t, t, i, q, mulheres, homens ou qualquer outra coisa que não caiba nesta mentira absoluta da exclusividade do H (de hetero) e do M/F (de macho-fêmea).
3 - Enviam-me algumas definições de Disforia... (obrigado, Rita): "Disforia é uma mudança repentina e transitória do estado de ânimo, tais como sentimentos de tristeza , pena, angústia. É um mal estar psíquico acompanhado por sentimentos depressivos, tristeza, melancolia e pessimismo. http://pt.wikipedia.org/wiki/Disforia dysphoria Excessive pain, anguish, agitation) disquiet, restlessness, malaise. (18 Nov 1997) http://cancerweb.ncl.ac.uk/cgi-bin/omd?dysphoria Gender dysphoriaIntroductionA person with gender dysphoria experiences anxiety, uncertainty or persistently uncomfortable feelings about their birth gender. They feel that they have a gender identity that is different from their anatomical sex. This may lead to a fear of expressing their feelings and a fear of rejection, which may lead to deep anxiety, leading to chronic depression and possibly attempted suicide.(...)http://www.nhsdirect.nhs.uk/articles/article.aspx?articleId=435"
O.K., o.k., parole. Eu acredito que a origem da necessidade de adequação do corpo para resulta, provavelmente, na maioria das realidades transexuais ou próximas em que as pessoas têm essa pulsão, da pressão social que valoriza como valoriza o binarismo de géneros e as diferenças entre géneros. Acredito que numa sociedade sem binarismo de géneros e opressão degénero, a transsexualidade seria vivida de outra forma. Essa seria uma longa discussão teórica.
Mas insisto na comparação entre a "disforia homossexual" de há 20 anos, e a "disforia de género", por todos os motivos. O mal estar das pessoas transexuais com o seu corpo resulta, acredito eu, do condicionamento social quanto às construções do masculino e do feminino. É evidente que muit@s trans - tal como outras pessoas, necessitam de apoio psicológico, mas este é o único caso em que ele obrigatório, e para todo um grupo social (até mesmo uma pessoa trans já inteiramente segura de si mesma e do que quer, se quiser tirar a pilinha terá de sofrer anos de condicionamento psiquiátrico), e ele é obrigatório porque a transsexualidade é realmente considerada doença mental, e não vale a pena ir buscar o termo disforia ao dicionário, mas verificar o que é a prática médica em função dessa definição, e o que significa para a vida das pessoas trans a obrigatoriedade do diagnóstico de disforia, que aliás empurra para a definição como "transexual" muitas realidades T que não são de transexualidade, forçando ao processo médico de "transsexualidade" todas as pessoas trans e intersexuais que não sendo transsexuais querem poder viver no género escolhido, ter os documentos de acordo com ele, etc, ou mesmo viver sem se encaixarem num dos géneros do binarismo M/F, coisa que os médicos recusam como possibilidade, porque a função que está atribuída ao psiquiatra é, mais do que o bem-estar psíquico da pessoa, o seu acondicionamento à norma social inviolável do binarismo M/F - assim está construído o sistema. Ou seja, todas as pessoas trans que não são transexuais mas querem alterar o seu corpo - por exemplo hormonar-se - ou aceder a direitos como a alteração do género nos documentos - tem de mentir e fazer-se passar por transexual como se quisesse passar de um referente extremo (M ou F) ao seu oposto (M ou F), da mesma forma que há muito poucos anos (e infelizmente ainda acontece com algun/mas psis), as pessoas "T" que não eram heterossexuais tinham de mentir sistematicamente sobre a sua orientação sexual, porque os médicos acreditavam que não existiam trans homossexuais ou bisexuais, e lhes bloqueavam o processo médico nessa base.
É assim claro que achar que os médicos sabem compreender as identidades e a realidade transexual ou transgénero e deixar-lhes essa definição é, mais uma vez, recusar voz própria à comunidade trans e infantilizá-la, e é desconhecer o poder de bloqueio que a medicalização forçada exerce sobre as vidas de tant@s trans:- só mudas documentos se te operares (e se fores trans mas não transexual e não te quiseres operar?);
- só podes hormonar-te se couberes na estreita definição médica de transsexualidade.
Os médicos e os juízes não só decidem pelas pessoas o que elas são, mas também como é que elas devem viver e em que condições o podem fazer. Que sabem os médicos? O único prémio nobel português, Egas Moniz, lobotomizava homossexuais achando que tinham cura para a sua inargumentável doença.
Panteras Rosa (panthères roses, Paris): "Agradeço que retiremo vosso sexo do meu estado civil."
Acham que a mentalidade médica mudou assim tanto? Pois os médicos progressistas sabem que infelizmente, não.
Não serão @s trans quem se deve definir e quem pode saber definir-se?
Não é por acaso que em todo o mundo, as pessoas trans se organizam cada vez mais em movimento social para serem os seus próprios peritos, e não faltam exemplos disso nos fóruns trans na internet. Não é por acaso que tantos trans não-transexuais em Espanha, estão a submeter-se ao diagnóstico de transexualidade - que nega a sua realidade própria, para terem acesso às hormonas. Nenhuma comunidade discriminada em nenhum momento da história se emancipa com base na crença de ser "um erro da natureza" ou doente. Não se trata de uma doença, trata-se de uma desadequação a uma norma social opressora.
4 - "Então acreditas que um transexual deve viver com o corpo que nasceu, rejeitando dessa forma que se associem sentimentos e formas de estar a qualquer corpo, bastando ser o seu eu próprio psicológico simplesmente, independentemente do corpo que tem?"Claro que não. Sei que essa adequação corporal é necessidade sentida pel@s transsexuais, e em grande medida por parte das restantes realidades transgénero (mas neste segundo caso muitas vezes fora dos referentes Homem/Mulher, do mete ou põe pilinha ou põe ou tira seios, que são os únicos que os psis vêem e permitem - fora os psis esclarecidos, e esses são nossos aliados nesta questão, mas são ainda muito poucos).
O esquema médico praticado é contrário à emancipação comunitária e à auto-estima trans (mesmo quando lhes "resolve a vida"), pois pretende adequar necessariamente as pessoas a serem o mais possível "homens" e "mulheres" (seja isso o que for, e sejam isso o que elas querem ou não) (e já agora, hetero), para que se escondam o mais possível enquanto trans e possam passar por "homens e mulheres" biológicos, e colocando nesse rolo compressor quem não quer integrar-se em nenhum desses extremos do binarismo. E não estou a dizer que não seja essa a expectativa, legítima, da maioria dos transexuais hoje: não desejo a ninguém, aliás, ter de viver assumidamente e visivelmente como lgbt ou T na sociedade actual, porque conheço as consequências disso. Mas nos anos 50 (ainda hoje?), a expectativa de muit@s homossexuais também era serem curados. Defendo que as pessoas possam transformar o seu corpo como bem entendem, da mesma forma que defendo o direito à vida, o direito ao suicídio, o direito à eutanásia ou o direito ao aborto. O corpo é nosso, não é dos médicos e não é do Estado. É nosso e é o que temos de mais nosso.
Assim, quanto ao universo transgénero (e não apenas transexual), defendo obviamente que as pessoas tenham apoio estatal para o fazer, não só pelo simples facto de precisarem de fazê-lo e querem fazê-lo, mas também porque não desejo a ninguém viver nesta sociedade transfóbica sem possibilidade de adequação e alívio da pressão social, logo, sem possibilidade de ser feliz.
5 - "Com essa conversa de que não somos doentes, vocês vão fazer-nos perder o direito ao tratamento noSistema Nacional de Saúde".
Ora bolas. O que deve justificar o apoio estatal aos processos de transição transexual (que realmente é apenas uma parte desta realidade e a única que os médicos vêem) é a infelicidade que esta norma impõe sobre tanta gente (até gays e lésbicas não-trans, que desafiam as expectativas sociais de Homens e Mulheres), e não o facto de ser uma doença. Deixar de ser considerada uma doença não alterará essa infelicidade, embora a prazo possa contribuir para reduzir a parte dela que decorre do estigma social.
Mas a própria discriminação não se baseia só na convicção de se tratar de uma doença, ela baseia-se sobretudo no ódio, no medo e na desconfiança relativamente a tudo o que sai das normas binárias. Recordo que também a lesbigayfobia produz inúmeros problema psicológicos e desadequação social, e que em determinada fase era já só essa a sustentação para a definição de "disforia" relativamente à "função heterossexual" que era - e continua a ser - a única que a sociedade impunha como expectativa sobre as pessoas.
Insistir na "disforia" e - pior - integrar no discurso político do movimento as noções dos médicos, acreditando que uma sociedade profundamente desconhecedora e transfóbica pode produzir um sistema médico esclarecido sobre a matéria, é desistir da luta pela auto-estima e auto-definição desta comunidade, que é a mais urgente.
Relembro que já vai havendo psiquiatras e psicólogos que trabalham na área, que conseguem desmontar o preconceito médico nesta matéria e que começam a pronunciar-se eles mesmos contra psiquiatrização forçada sem deixarem de defender a continuação e mesmo o alargar do apoio existente no Sistema Nacional de Saúde.
6 - "Mas exigindo a despsiquiatrização vocês estão a recusar apoio psicológico a tantos/as trans que dele precisam, e a recusar que seja necesária uma avaliação para se esclarecerem casos reais de transexualidade de outros que são perturbações psicológicas, num processo que termina com uma cirurgia irreversível".
Nem pó. Para começar, lutar contra a psiquiatrização forçada não é nem recusar apoio psicológico a quem dele precisa. Significa, sim, querer que o sistema médico não imponha às pessoas trans a sua visão estreita, e sirva para ajudar as pessoas SEMPRE e no reconhecimento da diversidade das identidades de género, e não para as apoiar apenas nos casos em que elas se possam formatar ao binarismo vigente ou quando muito a uma definição estreita de transexualidade (que no fundo continua a querer encaixar as pessoas à força no mesmo binarismo) custe o que custar, mesmo que custe a sua felicidade e a sua verdadeira identidade, que tantas vezes não cabe na definição médica.
Não esqueçamos já agora que para esta sociedade - a que os médicos não escapam - ser trans é já não estar no "juízo perfeito". Para os médicos das equipas oficiais de transexualidade, uma pessoa trans já não é uma pessoa no seu perfeito juízo, e se em vez de trans for transgénero, quiser por exemplo tomar hormonas sem trocar de sexo, então é mesmo louca e não será apoiada pelo sistema actual - portanto, como deixar isto nas mãos dos médicos? como prescindimos do discurso político de emancipação e self-reenforcement para pegarmos no discurso médico que faz das pessoas coitadinhas e doentes? com que direito?
É espantoso, que sendo o trangenerismo - e a própria transexualidade - uma desconstrução evidente do binarismo de géneros como realidade humana exclusiva (os papéis de género são, de facto, construção social), o objectivo médico seja - quer as pessoas queiram quer não - formatá-las o mais possível aos modelos de Homem e Mulher. Recordo também que a lei espanhola, que peca precisamente por fazer depender direitos da obrigatoriedade do diagnóstico médico (de transexualidade, ignorando e pondo nesse saco todas as outras realidades trans e intersexuais) e uma decisão judicial, foi criada precisamente - e isso é o que tem de bom - para diminuir o poder dos médicos sobre estas vidas: menos tempo de acompanhamento obrigatório, não-necessidade da cirurgia para se alterar documentos, etc...
Mas esta mesma Lei continua a enquadrar as pessoas como doentes mentais. Felizmente, alguns médicos, nomeadamente psis e até em Portugal, começam hoje a posicionar-se contra essa psiquiatrização forçada, enquanto contraditoriamente há activistas trans que a continuam a defender com unhas e dentes. Em muitos países, e também em Portugal, alguns/mas psiquiatras e psicológ@s, embora não @s do "protocolo oficial" da transexualidade, já se pronuncia publicamente contra a psiquiatrização forçada. Sugiro também, para quem entenda o catalão, a visita ao site da
O manifesto deste grupo está disponível em Inglês aqui: http://guerrilla-travolaka.blogspot.com/2006/10/manifesto-translated-to-english.html
De qualquer forma, uma coisa é o discurso médico. Mas que activistas lgb e, pior, T, assumam que as pessoas trans são disfóricas, isto é, doentes mentais, isso não é aceitável. E quem o fizer não pode esperar querer trabalhar com pessoas que acabou de classificar como "disfóricas", ou seja, "doentes mentais".
7 - Mas "disforia" é apenas uma desadequação, não significa doença mental...
Desadequação, o tanas. Não há pessoas "desadequadas". "Disforia" significa, no mínimo, que se tem um "problema". Ora, a transexualidade ou qualquer outra realidade trans, não tem de ser um problema (isto equivale aos discursos supostamente solidários que muito se ouviam sobre homossexualidade no início dos anos 90, quando nos falavam do "problema da homossexualidade", quando o único "problema" está obviamente na sua discriminação social).
Infelizmente, qualquer relação médico-paciente é em si uma relação de menorização - um paciente, para mais com uma "disforia mental" (segundo a medicina), não tem voz, nem palavra nem querer, submete-se à identificação e orientação comportamental em que os médicos o encaixam - ora, essa retirada tão total e totalitária de poder à pessoa só acontece nos casos de "doença mental profunda", considerando-se que esta não está no seu perfeito juízo para saber o que quer e tomar as suas próprias decisões, necessitando de ser compulsivamente orientada e obrigatoriamente psiquiatrizada. No caso da suposta "disforia de género", a maioria do corpo médico - o próprio sistema tal como está concebido - fá-lo com todos os preconceitos e limitações de visão que possamos imaginar. Se bem que o processo actual sirva a muit@s, e até seja defendido como óptimo por muit@s, trans (se eu precisasse de mudar de sexo ou de me hormonar e me ajudassem nesse processo, eu também teria provavelmente dificuldade de ter sobre ele um olhar crítico), ele também produz para muitas pessoas a hipocrisia da necessidade de se representar papéis do que não se é (para se poder ver reconhecido pelos médicos e juízes o acesso ao que se pretende), tal como produz também muitas pessoas infelizes e desajustadas, perdidas mesmo, às definições binárias em que os médicos as encaixaram. E tenho encontrado muitas, mas não em Portugal, porque não há reflexão que permita ainda entender o género como construção, e daí este debate que estamos a ter ser fundamental ao movimento lgbt português hoje.
Que os médicos , incluíndo os psis, acompanhem as pessoas que precisam de apoio psicológico, é uma coisa. Que se advoguem o direito de formatar e definir as pessoas melhor do que elas próprias, resumindo a realidade transgénero e transexual em toda a sua diversidade a um único modelo de transexualidade pré-concebido e referente aos modelos máximos M ou F, mantendo anos de poder sobre a vida pessoal e laboral das pessoas (porque do processo médico e dos juízes dependem os papéis, e outros direitos), e que o movimento lgbt ele próprio fale de "disforia" em vez de afirmar que ser trans não é uma doença, e que, para lá da discriminação (que é o nosso adversári), se pode viver bem enquanto transgénero, enquanto transexual, enquanto o que se for, e que não se deve chamar doença a uma variação NATURAL na espécie humana, isso não aceito.
A identidade de género fora da norma NÃO é uma doença mental, não é uma disforia!
E insisto que é assim que as pessoas são tratadas no sistema, como doentes mentais, pelos quais os médicos são supostos pensar e definir.
As identidades de género fora da norma são uma demonstração da diversidade humana e do engano de pensarmos no género como a coisa que se tem entre as pernas, mesmo que aceitemos e defendamos o direito das pessoas a adequar o seu corpo às suas expectativas (não esqueçamos que essas expectativas são construídas relativamente à realidade social e ao querer-se viver em paz na sociedade que existe - mas não queremos nós desafiar o binarismo de que esta sociedade sofre?) .
Mais, insistir no discurso da disforia de género perante uma comunidade ainda mais (!) envergonhada de si mesma do que a lgb, é fazer como fizeram tantos grupos homossexuais até à retirada da homossexualidade da listagem de doenças; continuar o discurso de "coitadinhos, somos doentes, tratem-nos com piedade", em vez do somos pessoas, existimos e somos assim, não temos vergonha do que somos nem do que queremos ser, e agora seremos nós a definir-nos e a ensinar à sociedade e aos médicos o que somos, como somos, o que queremos ser e porque é que já não toleramos mais viver sob esta discriminação absurda a que chamamos transfobia.
Estamos a falar, no fundo, de as pessoas - todas - dos grupos estigmatizados conquistarem o espaço para a construção das suas próprias identidades sem esse processo ter de ser condicionado pelos psis quando estas não precisam de apoio a esse nível e sabem muito bem o que querem. Se não insistirmos em classificá-las como disfóricas, e lutarmos contra a transfobia social e pelo esclarecimento da questão na sociedade, serão cada vez menos @s trans necessitados desse apoio, tal como acontece com os homossexuais, e não farão sentido nesses casos - já não fazem, porque o ciclo é vicioso - anos e anos de avaliação e dependência, e formatação dos psis para que as pessoas consigam acesso ao que querem para viver felizes.
Pois que as pessoas possam ser felizes por teremos trabalhado pelo seu direito de auto-definição, auto-suficiência e emancipação pessoal. Enquanto a transfobia tiver o grau que tem em Portugal, e enquanto deixarmos aos médicos o encaixar das pessoas, estamos a contribuir para gerações e gerações de trans envergonhados de si próprios, que se vêem como pessoas doentes que foram "curadas" ou "erros da natureza" que foram "corrigidas", e, portanto, a favorecer mais trans envergonhados de si mesmos, escondidos e invisíveis (sem julgamento nenhum de quem se esconde - é o mesmo para a homofobia, falarmos de visibilidade e construirmos um movimento público não quer dizer que achemos que tod@s @s lgb se devam expor de cabeça à discriminação vigente), e já agora, para a não-existência a prazo de um movimento trans autónomo, com um discurso e uma auto-visão própria (que nunca será a dosmédicos), capaz de construir melhores vidas para trans nesta sociedade. Nós somos movimento social,a nós cabe-nos combater a discriminação, afirmar o valor e a existência e o orgulho (a não-vergonha) nas nossas identidades, e não querermos ser mais médicos do que os próprios médicos e menorizarmos ao lugar de "pacientes" todas as pessoas de um grupo oprimido: as que estão perdidas no mundo com a sua diferença e precisam de um apoio (que até pode vir de organizações trans, preferencialmente, e só nalguns casos de desiquilíbrio pessoal se justifica que fosse médico), e aquelas que não estão nada perdidas nem vivem mal o que são e sabem muito bem o que querem. Não somos médicos, somos activistas. O nosso dever não é classificar, é entender, explicar e emancipar. Os médicos não emancipam, diminuem as pessoas numa relação de poder em que eles sabem sempre melhor do que "o paciente". Não, não faz sentido o poder que os médicos têm sobre tantas vida, e em particular das pessoas trans. E creio mesmo que em todos os casos de pessoas não necessitadas de apoio psicológico, estas não deviam sequer ser confrontadas com um psi que pode fazer escolhas por elas - mas sim ter acesso ao tratamento hormonal e à cirurgia, e pronto, sem mais nada. As pessoas fazem as suas escolhas de vida e são responsáveis por elas.
8 - Essa posição é "extremista".Ora bem, "extrema" é a opressão que sofrem as identidades de género que não cabem na binomia homem/mulher, e "extremista" é a discriminação. Mas um discurso que hoje continue a precindir de afirmar as pessoas trans como responsáveis por si mesmas, e desnecessitadas de tutela médica e categorização de doentes, não conseguirá nada nem para daqui a 20 anos, sobretudo em termos de emancipação mental da própria comunidade trans.
O discurso activista tem de ser emancipatório e construtor da auto-estima, consciencialização e união das pessoas discriminadas. Se eu posso ir a uma loja de tatuagens fazer-me queimar com um ferro pelo corpo todo, porque não pode uma pessoa trans alterar o seu corpo apenas porque quer fazê-lo, porque pessoalmente necessita de fazê-lo? É menos do que eu? Tem menos capacidade de auto-determinação? É doente mental e deve ser protegida de si mesma? Isto não tem nada que ver com o facto óbvio de nos grupos socialmente muito discriminados ser habitual que muitos indivíduos necessitem de apoio psicológico - assim é, claro, no caso da sexualidade e da identidade de género fora da norma social - sobretudo nos seus processos de transição (descoberta de homossexualidade, transição corporal transexual, etc...).
Mas neste contexto o mais importante é trabalhar a auto-estima -o orgulho, se quiserem - colectivo e individual destas pessoas e grupos sociais - isto não é teoria inútil, é o que determina a utilidade da nossa prática hoje e, do futuro próximo ao longínquo, os resultados concretos do nosso activismo sobre género. As escolhas que fizermos quanto ao nosso discurso político sobre trans nos próximos anos podem, como demonstra este debate, ir num sentido ou no outro. A definição estrita de transexual indica de facto o desejo de um género a outro (M-F, F-M). As restantes realidades, que não têm o M ou o F como refentes serão outras coisas que não transexuais - intersexuais, transgénero, travestis, o que quisermos, mas a luta política essencial continua a ser a mesma, contra o binarismo de género que oprime quaisquer pessoas que não nasçam biológica e, em correspondência entre corpo e mente, psicologicamente M ou F, e pela união de tod@s estes/as "marginais de género" (atenção, quem marginaliza é a sociedade binómica, é nesse sentido que uso o termo).
Assumamo-nos então realmente como "marginais de género", como "gender queers", ou simplesmente como L, G, B, T, I, mulheres (não-submetidas à submissão do feminino ou ainda não-heterossexuais), homens (não-submetidos à obrigatoriedade do uso do seu poder e privilégio masculino, ou simplesmente não-heterossexuais), outros ainda - em suma, identidades e realidades pessoais que não encaixamos nem acreditamos nesta mentira simplificadora que nos está imposta, e portanto, identidades e realidades pessoais que são necessariamente identidades de resistência e de luta, quer o queiramos, quer não. Um dia, o mundo será nosso e seremos tod@s mais felizes . Em alternativa, continuaremos nesta idade média que nega a própria diversidade humana. A escolha é, parcialmente, nossa, e ao movimento lgbt (etc) português... coloca-se agora.
A clivagem é gigantesca e a questão não é para menos. Veja-se que as recentes medidas concretas aprovadas recentemente em Espanha, embora positivas porque alteram a vida concreta das pessoas e facilitam-lhes o viver no género escolhido com menor peso da discriminação e do estigma, se baseiam, porém, na ideia de que se trata de uma doença, e que é nessa base que estas pessoas vêem reconhecido o seu direito à protecção estatal, ou a que processos como o da mudança de nome sem obrigatoriedade de se ser operado/a sejam facilitados.
Veja-se, por outro lado, que o sistema médico - com excepção para uma minoria de profissionais mais evoluídos sobre a questão, incluíndo psiquiatras e psicólogos, que foram mais longe, compreenderam as reivindicações da própria comunidade trans e estão a ter novas práticas, mais desempoeiradas - não tem apenas vistas curtas, mas continua sobretudo a ser de enorme violência, ao encaixar à força as pessoas que o procuram na pequenez das suas próprias definições de "transexual" em vez de lhes dar espaço para se auto-definirem ou ainda, exemplo mais evidente, quando exige aos transexuais masculinos a sua esterilização - pois claro, que gajos com possibilidade de engravidarem, isso dava cabo do sacrossanto binarismo!
Pessoalmente, parti para este debate acreditando que a luta mais urgente nesta área da identidade de género e do combate ao binarismo de género - que argumentarei ser um combate necessário e comum a tod@s @s que lutam pela liberdade sexual e contra a discriminação sexual, e não apenas um combate trans com que o universo "lgb" deva ser "solidário" - deve incluir não apenas os direitos concretos conquistados em Espanha (e mais ainda), mas também e sobretudo combater a psiquiatrização forçada a que é sujeita maioria d@s trans.
Esta é uma questão que tem provocado uma discussão intensa e muito útil nas listas associativas e entre as próprias Panteras Rosa. As notas que se seguem, da minha autoria, são, no entanto, resultantes desse debate, com malta trans, com malta não-trans, como malta indefinida mas interessada, pouco importa. O que importa é alargar este mesmo debate, porque ele é central. Creio que o movimento trans vive hoje uma clivagem apenas comparada à dos movimentos homossexuais norte-americanos pré-Stonewall dos anos 50, que reivindicavam direitos e o fim da repressão com base no facto de estarem classificados como "doentes" - "recordam-se da classificação de "disfunção da função heterossexual que em Portugal só desapareceu em 2000?" - e ficaram de calças na mão quando a homossexualidade foi retirada dessa mesma lista de doenças pela American Psichiatry Association, mas entretanto já tinham sido ultrapassados pela revolta de Stonewall, que dava corpo a um novo movimento, mais radicalizado e nada disposto a aceitar a medicalização das suas identidades. Porque resulta de um debate, muitas destas notas surgem em forma de pergunta-resposta. As perguntas ou argumentos alheios surgem a bold, seguidas da minha opinião pessoal:
1 - Pré-questão lateral (que originou o debate): "É fundamental distinguir travestis de transexuais, pelo que devemos usar uma sigla com LGBTT".
Sim e não. Convém distinguir "travestismo" de "transexualidade", de "intersexualidade", de "trangenderismo", e etc, por uma questão de clarificação de conceitos. No entanto, e sem prejuízo de quem queira concentrar-se em trabalhar exclusivamente para parte destas realidades, julgo que a luta de todos estes grupos - e até da população lgb - contra o binarismo de género que nos impõe a falsidade da existência exclusiva de homens e de mulheres, é uma só, e que a opressão que sofremos em função deste falso binarismo é o nosso adversário comum, e justifica não apenas siglas como LGBTI (já usadas em alguns países), como o facto de realidades tão distintas se juntarem num mesmo movimento social.
Isto é válido, seja esse estigma traduzido em:
- homofobia (por sermos vistos como desviados face aos referentes sociais, aos papéis de género, de masculinidade e feminilidade);
- transfobia ou ainda negação da intersexualidade, porque a população trans (seja travesti, transexual, trangénera ou outra) e intersexual desafia o binarismo e comprova a sua falsidade ao demonstrar uma rica variedade de identidades de género e até de realidades biológicas que não cabem numa definição exacta de homem ou mulher;
- sexismo (porque aos referentes absolutos de macho e fêmea correspondem atributos de género e relações de poder socialmente construídas).
- machismo, que contraditoriamente é uma opressão que recai sobre tod@s, inclusivamente os seus supostos agentes, os Homens.
homofobia ou transfobia internalizada - veja-se como a própria "cultura gay", sobretudo a parte dela que já não é construída pelo movimento social mas pelo consumo - trabalha hoje os conceitos de masculinidade e discrimina a "bichice" e o "efeminado" sem se dar conta de que rejeita a própria liberdade de sermos quem somos ou como queremos ser, fora das imposições masculino (posição de poder e necessariamente hetero)/ femino (posição de submissão e necessariamente hetero) que estão na origem do sexismo e do patriarcado e, porque continuam a estruturar realidade social e mentalidade, na origem da própria discriminação da homossexualidade.
Voltando aos T's: considero útil distinguir conceitos, mas não considero útil que se separem e parcelem lutas que têm por inimigo comum o binarismo de género e as relações de poder que lhe estão associadas, porque esse sistema binário de géneros é a fonte comum da opressão de género que recai sobre todos estes grupos, e até é parcialmente fonte da lesbigayfobia, logo, deve ser o alvo comum de todas estas diferentes lutas de emancipação. Da mesma forma que não me envergonha se me chamarem trans ou travesti - pelo contrário, assumo solidariamente todas as identidades marginais que me queiram atribuir, mesmo que não sejam realmente aquelas que me traduzem - não creio que o universo trans deva , mesmo que lute pelo esclarecimento dos conceitos e das identidades diversas (que, por serem diversas, merecem ser nomeadas per se), dividir-se em lutas separadas ou sequer fazer questão de parcelamento da silga "T". Sobretudo porque vivemos uma realidade de grande discriminação interna entre "transexuais", "transgénero" e travestis, com que não devemos pactuar. Para lá do esclarecimento de conceitos, não compreendo nem aceito a necessidade de tant@s "T" se distinguirem de outros "T's", e soa-me àqueles bairros sociais típicos de Lisboa em que portugueses, ciganos e africanos se odeiam mutuamente e se separam, apesar de estarem todos no mesmo barco.
2 - Incomodam-me os discursos associativos - trans ou não - que mimetizam o discurso médico ao assumir falar de "disforia de género".
"Disforia" é um termo médico que foi utilizado neste século para psiquiatrizar a transexualidade e, com ela, as restantes realidades trans. As identidades de género que escapam à norma binária M/F - e mais ainda algumas realidades biológicas intersexuais, ainda muito pouco estudadas, que escapam à caracterização médica de macho e de fêmea - não são nem uma doença nem uma disforia, e está na altura de o afirmar e de deixarmos de pactuar com este discurso.
Doente é a sociedade que não sabe lidar com estas diferenças sem as categorizar como doenças e entregar a vida das pessoas nas mãos de médicos que as irão tratar como doentes mentais. A OMS prepara-se para, num curto espaço de tempo, retirar a transexualidade da lista de doenças, e no entanto, tal como aconteceu com a homossexualidade há mais de 20 anos, vemos ainda activistas trans a serem os primeiros a assumir o discurso da doença e da disforia, e até vemos a aprovação legal de direitos para as pessoas transexuais - como recentemente em Espanha - feito na base do pressuposto da doença, ou seja, de reconhecer direitos a "coitadinhos".
Basta! É inadmissível que a luta se faça na base dos coitadinhos doentes, tal como há 20 anos ainda havia organizações homossexuais a exigir direitos com base na classificação da "disforia" que lhes era atribuída. As identidades sexuais e de género marginalizadas nestas sociedade não são doenças. Para mim são - isso sim - o germen da subversão e transformação de uma sociedade binária que só vê homem/mulher tanto em termos de sexualidade como de género (sim, também importa, provavelmente até importa muito mais, distinguir os conceitos de "identidade de género" e de "papéis de género"), e que é incapaz de reconhecer a realidade e a natureza da própria diversidade da espécie humana. Esta é a nossa opressão e a nossa luta, sejamos l, g, b, t, t, t, t, t, t, i, q, mulheres, homens ou qualquer outra coisa que não caiba nesta mentira absoluta da exclusividade do H (de hetero) e do M/F (de macho-fêmea).
3 - Enviam-me algumas definições de Disforia... (obrigado, Rita): "Disforia é uma mudança repentina e transitória do estado de ânimo, tais como sentimentos de tristeza , pena, angústia. É um mal estar psíquico acompanhado por sentimentos depressivos, tristeza, melancolia e pessimismo. http://pt.wikipedia.org/wiki/Disforia dysphoria Excessive pain, anguish, agitation) disquiet, restlessness, malaise. (18 Nov 1997) http://cancerweb.ncl.ac.uk/cgi-bin/omd?dysphoria Gender dysphoriaIntroductionA person with gender dysphoria experiences anxiety, uncertainty or persistently uncomfortable feelings about their birth gender. They feel that they have a gender identity that is different from their anatomical sex. This may lead to a fear of expressing their feelings and a fear of rejection, which may lead to deep anxiety, leading to chronic depression and possibly attempted suicide.(...)http://www.nhsdirect.nhs.uk/articles/article.aspx?articleId=435"
O.K., o.k., parole. Eu acredito que a origem da necessidade de adequação do corpo para resulta, provavelmente, na maioria das realidades transexuais ou próximas em que as pessoas têm essa pulsão, da pressão social que valoriza como valoriza o binarismo de géneros e as diferenças entre géneros. Acredito que numa sociedade sem binarismo de géneros e opressão degénero, a transsexualidade seria vivida de outra forma. Essa seria uma longa discussão teórica.
Mas insisto na comparação entre a "disforia homossexual" de há 20 anos, e a "disforia de género", por todos os motivos. O mal estar das pessoas transexuais com o seu corpo resulta, acredito eu, do condicionamento social quanto às construções do masculino e do feminino. É evidente que muit@s trans - tal como outras pessoas, necessitam de apoio psicológico, mas este é o único caso em que ele obrigatório, e para todo um grupo social (até mesmo uma pessoa trans já inteiramente segura de si mesma e do que quer, se quiser tirar a pilinha terá de sofrer anos de condicionamento psiquiátrico), e ele é obrigatório porque a transsexualidade é realmente considerada doença mental, e não vale a pena ir buscar o termo disforia ao dicionário, mas verificar o que é a prática médica em função dessa definição, e o que significa para a vida das pessoas trans a obrigatoriedade do diagnóstico de disforia, que aliás empurra para a definição como "transexual" muitas realidades T que não são de transexualidade, forçando ao processo médico de "transsexualidade" todas as pessoas trans e intersexuais que não sendo transsexuais querem poder viver no género escolhido, ter os documentos de acordo com ele, etc, ou mesmo viver sem se encaixarem num dos géneros do binarismo M/F, coisa que os médicos recusam como possibilidade, porque a função que está atribuída ao psiquiatra é, mais do que o bem-estar psíquico da pessoa, o seu acondicionamento à norma social inviolável do binarismo M/F - assim está construído o sistema. Ou seja, todas as pessoas trans que não são transexuais mas querem alterar o seu corpo - por exemplo hormonar-se - ou aceder a direitos como a alteração do género nos documentos - tem de mentir e fazer-se passar por transexual como se quisesse passar de um referente extremo (M ou F) ao seu oposto (M ou F), da mesma forma que há muito poucos anos (e infelizmente ainda acontece com algun/mas psis), as pessoas "T" que não eram heterossexuais tinham de mentir sistematicamente sobre a sua orientação sexual, porque os médicos acreditavam que não existiam trans homossexuais ou bisexuais, e lhes bloqueavam o processo médico nessa base.
É assim claro que achar que os médicos sabem compreender as identidades e a realidade transexual ou transgénero e deixar-lhes essa definição é, mais uma vez, recusar voz própria à comunidade trans e infantilizá-la, e é desconhecer o poder de bloqueio que a medicalização forçada exerce sobre as vidas de tant@s trans:- só mudas documentos se te operares (e se fores trans mas não transexual e não te quiseres operar?);
- só podes hormonar-te se couberes na estreita definição médica de transsexualidade.
Os médicos e os juízes não só decidem pelas pessoas o que elas são, mas também como é que elas devem viver e em que condições o podem fazer. Que sabem os médicos? O único prémio nobel português, Egas Moniz, lobotomizava homossexuais achando que tinham cura para a sua inargumentável doença.
Panteras Rosa (panthères roses, Paris): "Agradeço que retiremo vosso sexo do meu estado civil."
Acham que a mentalidade médica mudou assim tanto? Pois os médicos progressistas sabem que infelizmente, não.
Não serão @s trans quem se deve definir e quem pode saber definir-se?
Não é por acaso que em todo o mundo, as pessoas trans se organizam cada vez mais em movimento social para serem os seus próprios peritos, e não faltam exemplos disso nos fóruns trans na internet. Não é por acaso que tantos trans não-transexuais em Espanha, estão a submeter-se ao diagnóstico de transexualidade - que nega a sua realidade própria, para terem acesso às hormonas. Nenhuma comunidade discriminada em nenhum momento da história se emancipa com base na crença de ser "um erro da natureza" ou doente. Não se trata de uma doença, trata-se de uma desadequação a uma norma social opressora.
4 - "Então acreditas que um transexual deve viver com o corpo que nasceu, rejeitando dessa forma que se associem sentimentos e formas de estar a qualquer corpo, bastando ser o seu eu próprio psicológico simplesmente, independentemente do corpo que tem?"Claro que não. Sei que essa adequação corporal é necessidade sentida pel@s transsexuais, e em grande medida por parte das restantes realidades transgénero (mas neste segundo caso muitas vezes fora dos referentes Homem/Mulher, do mete ou põe pilinha ou põe ou tira seios, que são os únicos que os psis vêem e permitem - fora os psis esclarecidos, e esses são nossos aliados nesta questão, mas são ainda muito poucos).
O esquema médico praticado é contrário à emancipação comunitária e à auto-estima trans (mesmo quando lhes "resolve a vida"), pois pretende adequar necessariamente as pessoas a serem o mais possível "homens" e "mulheres" (seja isso o que for, e sejam isso o que elas querem ou não) (e já agora, hetero), para que se escondam o mais possível enquanto trans e possam passar por "homens e mulheres" biológicos, e colocando nesse rolo compressor quem não quer integrar-se em nenhum desses extremos do binarismo. E não estou a dizer que não seja essa a expectativa, legítima, da maioria dos transexuais hoje: não desejo a ninguém, aliás, ter de viver assumidamente e visivelmente como lgbt ou T na sociedade actual, porque conheço as consequências disso. Mas nos anos 50 (ainda hoje?), a expectativa de muit@s homossexuais também era serem curados. Defendo que as pessoas possam transformar o seu corpo como bem entendem, da mesma forma que defendo o direito à vida, o direito ao suicídio, o direito à eutanásia ou o direito ao aborto. O corpo é nosso, não é dos médicos e não é do Estado. É nosso e é o que temos de mais nosso.
Assim, quanto ao universo transgénero (e não apenas transexual), defendo obviamente que as pessoas tenham apoio estatal para o fazer, não só pelo simples facto de precisarem de fazê-lo e querem fazê-lo, mas também porque não desejo a ninguém viver nesta sociedade transfóbica sem possibilidade de adequação e alívio da pressão social, logo, sem possibilidade de ser feliz.
5 - "Com essa conversa de que não somos doentes, vocês vão fazer-nos perder o direito ao tratamento noSistema Nacional de Saúde".
Ora bolas. O que deve justificar o apoio estatal aos processos de transição transexual (que realmente é apenas uma parte desta realidade e a única que os médicos vêem) é a infelicidade que esta norma impõe sobre tanta gente (até gays e lésbicas não-trans, que desafiam as expectativas sociais de Homens e Mulheres), e não o facto de ser uma doença. Deixar de ser considerada uma doença não alterará essa infelicidade, embora a prazo possa contribuir para reduzir a parte dela que decorre do estigma social.
Mas a própria discriminação não se baseia só na convicção de se tratar de uma doença, ela baseia-se sobretudo no ódio, no medo e na desconfiança relativamente a tudo o que sai das normas binárias. Recordo que também a lesbigayfobia produz inúmeros problema psicológicos e desadequação social, e que em determinada fase era já só essa a sustentação para a definição de "disforia" relativamente à "função heterossexual" que era - e continua a ser - a única que a sociedade impunha como expectativa sobre as pessoas.
Insistir na "disforia" e - pior - integrar no discurso político do movimento as noções dos médicos, acreditando que uma sociedade profundamente desconhecedora e transfóbica pode produzir um sistema médico esclarecido sobre a matéria, é desistir da luta pela auto-estima e auto-definição desta comunidade, que é a mais urgente.
Relembro que já vai havendo psiquiatras e psicólogos que trabalham na área, que conseguem desmontar o preconceito médico nesta matéria e que começam a pronunciar-se eles mesmos contra psiquiatrização forçada sem deixarem de defender a continuação e mesmo o alargar do apoio existente no Sistema Nacional de Saúde.
6 - "Mas exigindo a despsiquiatrização vocês estão a recusar apoio psicológico a tantos/as trans que dele precisam, e a recusar que seja necesária uma avaliação para se esclarecerem casos reais de transexualidade de outros que são perturbações psicológicas, num processo que termina com uma cirurgia irreversível".
Nem pó. Para começar, lutar contra a psiquiatrização forçada não é nem recusar apoio psicológico a quem dele precisa. Significa, sim, querer que o sistema médico não imponha às pessoas trans a sua visão estreita, e sirva para ajudar as pessoas SEMPRE e no reconhecimento da diversidade das identidades de género, e não para as apoiar apenas nos casos em que elas se possam formatar ao binarismo vigente ou quando muito a uma definição estreita de transexualidade (que no fundo continua a querer encaixar as pessoas à força no mesmo binarismo) custe o que custar, mesmo que custe a sua felicidade e a sua verdadeira identidade, que tantas vezes não cabe na definição médica.
Não esqueçamos já agora que para esta sociedade - a que os médicos não escapam - ser trans é já não estar no "juízo perfeito". Para os médicos das equipas oficiais de transexualidade, uma pessoa trans já não é uma pessoa no seu perfeito juízo, e se em vez de trans for transgénero, quiser por exemplo tomar hormonas sem trocar de sexo, então é mesmo louca e não será apoiada pelo sistema actual - portanto, como deixar isto nas mãos dos médicos? como prescindimos do discurso político de emancipação e self-reenforcement para pegarmos no discurso médico que faz das pessoas coitadinhas e doentes? com que direito?
É espantoso, que sendo o trangenerismo - e a própria transexualidade - uma desconstrução evidente do binarismo de géneros como realidade humana exclusiva (os papéis de género são, de facto, construção social), o objectivo médico seja - quer as pessoas queiram quer não - formatá-las o mais possível aos modelos de Homem e Mulher. Recordo também que a lei espanhola, que peca precisamente por fazer depender direitos da obrigatoriedade do diagnóstico médico (de transexualidade, ignorando e pondo nesse saco todas as outras realidades trans e intersexuais) e uma decisão judicial, foi criada precisamente - e isso é o que tem de bom - para diminuir o poder dos médicos sobre estas vidas: menos tempo de acompanhamento obrigatório, não-necessidade da cirurgia para se alterar documentos, etc...
Mas esta mesma Lei continua a enquadrar as pessoas como doentes mentais. Felizmente, alguns médicos, nomeadamente psis e até em Portugal, começam hoje a posicionar-se contra essa psiquiatrização forçada, enquanto contraditoriamente há activistas trans que a continuam a defender com unhas e dentes. Em muitos países, e também em Portugal, alguns/mas psiquiatras e psicológ@s, embora não @s do "protocolo oficial" da transexualidade, já se pronuncia publicamente contra a psiquiatrização forçada. Sugiro também, para quem entenda o catalão, a visita ao site da
O manifesto deste grupo está disponível em Inglês aqui: http://guerrilla-travolaka.blogspot.com/2006/10/manifesto-translated-to-english.html
De qualquer forma, uma coisa é o discurso médico. Mas que activistas lgb e, pior, T, assumam que as pessoas trans são disfóricas, isto é, doentes mentais, isso não é aceitável. E quem o fizer não pode esperar querer trabalhar com pessoas que acabou de classificar como "disfóricas", ou seja, "doentes mentais".
7 - Mas "disforia" é apenas uma desadequação, não significa doença mental...
Desadequação, o tanas. Não há pessoas "desadequadas". "Disforia" significa, no mínimo, que se tem um "problema". Ora, a transexualidade ou qualquer outra realidade trans, não tem de ser um problema (isto equivale aos discursos supostamente solidários que muito se ouviam sobre homossexualidade no início dos anos 90, quando nos falavam do "problema da homossexualidade", quando o único "problema" está obviamente na sua discriminação social).
Infelizmente, qualquer relação médico-paciente é em si uma relação de menorização - um paciente, para mais com uma "disforia mental" (segundo a medicina), não tem voz, nem palavra nem querer, submete-se à identificação e orientação comportamental em que os médicos o encaixam - ora, essa retirada tão total e totalitária de poder à pessoa só acontece nos casos de "doença mental profunda", considerando-se que esta não está no seu perfeito juízo para saber o que quer e tomar as suas próprias decisões, necessitando de ser compulsivamente orientada e obrigatoriamente psiquiatrizada. No caso da suposta "disforia de género", a maioria do corpo médico - o próprio sistema tal como está concebido - fá-lo com todos os preconceitos e limitações de visão que possamos imaginar. Se bem que o processo actual sirva a muit@s, e até seja defendido como óptimo por muit@s, trans (se eu precisasse de mudar de sexo ou de me hormonar e me ajudassem nesse processo, eu também teria provavelmente dificuldade de ter sobre ele um olhar crítico), ele também produz para muitas pessoas a hipocrisia da necessidade de se representar papéis do que não se é (para se poder ver reconhecido pelos médicos e juízes o acesso ao que se pretende), tal como produz também muitas pessoas infelizes e desajustadas, perdidas mesmo, às definições binárias em que os médicos as encaixaram. E tenho encontrado muitas, mas não em Portugal, porque não há reflexão que permita ainda entender o género como construção, e daí este debate que estamos a ter ser fundamental ao movimento lgbt português hoje.
Que os médicos , incluíndo os psis, acompanhem as pessoas que precisam de apoio psicológico, é uma coisa. Que se advoguem o direito de formatar e definir as pessoas melhor do que elas próprias, resumindo a realidade transgénero e transexual em toda a sua diversidade a um único modelo de transexualidade pré-concebido e referente aos modelos máximos M ou F, mantendo anos de poder sobre a vida pessoal e laboral das pessoas (porque do processo médico e dos juízes dependem os papéis, e outros direitos), e que o movimento lgbt ele próprio fale de "disforia" em vez de afirmar que ser trans não é uma doença, e que, para lá da discriminação (que é o nosso adversári), se pode viver bem enquanto transgénero, enquanto transexual, enquanto o que se for, e que não se deve chamar doença a uma variação NATURAL na espécie humana, isso não aceito.
A identidade de género fora da norma NÃO é uma doença mental, não é uma disforia!
E insisto que é assim que as pessoas são tratadas no sistema, como doentes mentais, pelos quais os médicos são supostos pensar e definir.
As identidades de género fora da norma são uma demonstração da diversidade humana e do engano de pensarmos no género como a coisa que se tem entre as pernas, mesmo que aceitemos e defendamos o direito das pessoas a adequar o seu corpo às suas expectativas (não esqueçamos que essas expectativas são construídas relativamente à realidade social e ao querer-se viver em paz na sociedade que existe - mas não queremos nós desafiar o binarismo de que esta sociedade sofre?) .
Mais, insistir no discurso da disforia de género perante uma comunidade ainda mais (!) envergonhada de si mesma do que a lgb, é fazer como fizeram tantos grupos homossexuais até à retirada da homossexualidade da listagem de doenças; continuar o discurso de "coitadinhos, somos doentes, tratem-nos com piedade", em vez do somos pessoas, existimos e somos assim, não temos vergonha do que somos nem do que queremos ser, e agora seremos nós a definir-nos e a ensinar à sociedade e aos médicos o que somos, como somos, o que queremos ser e porque é que já não toleramos mais viver sob esta discriminação absurda a que chamamos transfobia.
Estamos a falar, no fundo, de as pessoas - todas - dos grupos estigmatizados conquistarem o espaço para a construção das suas próprias identidades sem esse processo ter de ser condicionado pelos psis quando estas não precisam de apoio a esse nível e sabem muito bem o que querem. Se não insistirmos em classificá-las como disfóricas, e lutarmos contra a transfobia social e pelo esclarecimento da questão na sociedade, serão cada vez menos @s trans necessitados desse apoio, tal como acontece com os homossexuais, e não farão sentido nesses casos - já não fazem, porque o ciclo é vicioso - anos e anos de avaliação e dependência, e formatação dos psis para que as pessoas consigam acesso ao que querem para viver felizes.
Pois que as pessoas possam ser felizes por teremos trabalhado pelo seu direito de auto-definição, auto-suficiência e emancipação pessoal. Enquanto a transfobia tiver o grau que tem em Portugal, e enquanto deixarmos aos médicos o encaixar das pessoas, estamos a contribuir para gerações e gerações de trans envergonhados de si próprios, que se vêem como pessoas doentes que foram "curadas" ou "erros da natureza" que foram "corrigidas", e, portanto, a favorecer mais trans envergonhados de si mesmos, escondidos e invisíveis (sem julgamento nenhum de quem se esconde - é o mesmo para a homofobia, falarmos de visibilidade e construirmos um movimento público não quer dizer que achemos que tod@s @s lgb se devam expor de cabeça à discriminação vigente), e já agora, para a não-existência a prazo de um movimento trans autónomo, com um discurso e uma auto-visão própria (que nunca será a dosmédicos), capaz de construir melhores vidas para trans nesta sociedade. Nós somos movimento social,a nós cabe-nos combater a discriminação, afirmar o valor e a existência e o orgulho (a não-vergonha) nas nossas identidades, e não querermos ser mais médicos do que os próprios médicos e menorizarmos ao lugar de "pacientes" todas as pessoas de um grupo oprimido: as que estão perdidas no mundo com a sua diferença e precisam de um apoio (que até pode vir de organizações trans, preferencialmente, e só nalguns casos de desiquilíbrio pessoal se justifica que fosse médico), e aquelas que não estão nada perdidas nem vivem mal o que são e sabem muito bem o que querem. Não somos médicos, somos activistas. O nosso dever não é classificar, é entender, explicar e emancipar. Os médicos não emancipam, diminuem as pessoas numa relação de poder em que eles sabem sempre melhor do que "o paciente". Não, não faz sentido o poder que os médicos têm sobre tantas vida, e em particular das pessoas trans. E creio mesmo que em todos os casos de pessoas não necessitadas de apoio psicológico, estas não deviam sequer ser confrontadas com um psi que pode fazer escolhas por elas - mas sim ter acesso ao tratamento hormonal e à cirurgia, e pronto, sem mais nada. As pessoas fazem as suas escolhas de vida e são responsáveis por elas.
8 - Essa posição é "extremista".Ora bem, "extrema" é a opressão que sofrem as identidades de género que não cabem na binomia homem/mulher, e "extremista" é a discriminação. Mas um discurso que hoje continue a precindir de afirmar as pessoas trans como responsáveis por si mesmas, e desnecessitadas de tutela médica e categorização de doentes, não conseguirá nada nem para daqui a 20 anos, sobretudo em termos de emancipação mental da própria comunidade trans.
O discurso activista tem de ser emancipatório e construtor da auto-estima, consciencialização e união das pessoas discriminadas. Se eu posso ir a uma loja de tatuagens fazer-me queimar com um ferro pelo corpo todo, porque não pode uma pessoa trans alterar o seu corpo apenas porque quer fazê-lo, porque pessoalmente necessita de fazê-lo? É menos do que eu? Tem menos capacidade de auto-determinação? É doente mental e deve ser protegida de si mesma? Isto não tem nada que ver com o facto óbvio de nos grupos socialmente muito discriminados ser habitual que muitos indivíduos necessitem de apoio psicológico - assim é, claro, no caso da sexualidade e da identidade de género fora da norma social - sobretudo nos seus processos de transição (descoberta de homossexualidade, transição corporal transexual, etc...).
Mas neste contexto o mais importante é trabalhar a auto-estima -o orgulho, se quiserem - colectivo e individual destas pessoas e grupos sociais - isto não é teoria inútil, é o que determina a utilidade da nossa prática hoje e, do futuro próximo ao longínquo, os resultados concretos do nosso activismo sobre género. As escolhas que fizermos quanto ao nosso discurso político sobre trans nos próximos anos podem, como demonstra este debate, ir num sentido ou no outro. A definição estrita de transexual indica de facto o desejo de um género a outro (M-F, F-M). As restantes realidades, que não têm o M ou o F como refentes serão outras coisas que não transexuais - intersexuais, transgénero, travestis, o que quisermos, mas a luta política essencial continua a ser a mesma, contra o binarismo de género que oprime quaisquer pessoas que não nasçam biológica e, em correspondência entre corpo e mente, psicologicamente M ou F, e pela união de tod@s estes/as "marginais de género" (atenção, quem marginaliza é a sociedade binómica, é nesse sentido que uso o termo).
Assumamo-nos então realmente como "marginais de género", como "gender queers", ou simplesmente como L, G, B, T, I, mulheres (não-submetidas à submissão do feminino ou ainda não-heterossexuais), homens (não-submetidos à obrigatoriedade do uso do seu poder e privilégio masculino, ou simplesmente não-heterossexuais), outros ainda - em suma, identidades e realidades pessoais que não encaixamos nem acreditamos nesta mentira simplificadora que nos está imposta, e portanto, identidades e realidades pessoais que são necessariamente identidades de resistência e de luta, quer o queiramos, quer não. Um dia, o mundo será nosso e seremos tod@s mais felizes . Em alternativa, continuaremos nesta idade média que nega a própria diversidade humana. A escolha é, parcialmente, nossa, e ao movimento lgbt (etc) português... coloca-se agora.
Rugido de Sérgio Vitorino
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