Saturday, February 27, 2010

Viagens com bolso

As famílias verdadeiras

Há algo de fascista em ir para a rua lutar não pelos nossos direitos, mas contra os direitos dos outros.E definitivamente houve algo de fascista na manifestação lisboeta pela “família verdadeira”. PNR? Acção Nacional? Bandeiras negras? Acusar homossexuais da “destruição sistemática da sociedade”? Não soa a nada? Esqueceram-se como Hitler tratou do assunto? E não será isto anticonstitucional? Mas não sei o que é pior, se a organização ter acolhido um punhado de neonazis, se aqueles milhares de pais extremosos com filhos às cavalitas, certamente convencidos de que não estavam a fazer mal a ninguém, deus os livre.Pois estavam, pois estão. Como lembra aquele poema da Sophia sobre as pessoas sensíveis que não matam galinhas mas comem galinhas.Impedir que os outros tenham direito ao que nós temos é fazer o bem? Nem toda a gente crê na vida eterna. Muita gente corre contra a morte sabendo que vai perder. Por isso é que Larry David defende no último filme de Woody Allen whatever Works. Tudo o que nos der um pouco de alívio, de confiança, de alegria. E se esse tudo inclui o casamento, que seja para todos.Pergunto eu então às tão autoproclamadas famílias verdadeiras: quem vos dá o direito de dizer à sociedade que ela seja o que já não é? Quem vos dá o direito de dizer à mãe de um homossexual que a família dela não é verdadeira? Deram-se ao trabalho de pensar no que mães, pais, filhos ou avós de homossexuais sentem ao ler os vossos cartazes? Não vêem a arrogância disto? A violência?Será fazer o bem achar que vocês são os verdadeiros e os outros são falsos? A família verdadeira é aquela que se mantém à custa de mentira, traição neurose? Não será, antes e finalmente, amor, clareza, coragem? Não serão famílias verdadeiras todas aquelas que querem, e conseguem, estar juntas?A melhor herança do Novo Testamento é amor, amor e amor. Então dediquem-se a fazer o amor, espalhem todos esses sentimentos cristãos e deixem viver os que querem viver. Olhem para os vossos filhos, para os vossos pais, para as crianças abandonadas, para quem tem fome, frio, medo e está doente. Dêem-lhes todo esse tempo investido na promoção da suposta família verdadeira. E parem de atrapalhar o trânsito com assuntos que não são da vossa conta.Eu não quero decidir em referendo o que dois adultos legalmente responsáveis fazem um com o outro porque não é da minha conta. E tenho as minhas ideias sobre o que os arruaceiros, gente que humilha, insulta e exclui sob protecção policial, e se propõe consumir dinheiros públicos a decidir ávida dos outros.Sim, creiam, os homossexuais vão casar e ter filhos, é o futuro. Ninguém discriminado por raça, religião ou orientação sexual, lembram-se? Talvez os vossos filhos vos possam ensinar.



Alexandra Lucas Coelho



Jornal Público, secção P2. Sexta-feira 26 de Fevereiro de 2010

GISBERTA - Quatro anos depois...

Gisberta/assassinato:
Quatro anos depois protecção legal "continua inexistente"
- Panteras Rosa Lisboa, 26 fev (Lusa)
- Quatro anos depois do assassinato da transsexual Gisberta Salce Júnior está "tudo na mesma" e a protecção legal "continua inexistente", denuncia a associação Panteras Rosa. Lusa 6:48 Sexta-feira, 26 de Fev de 2010
Lisboa, 26 fev (Lusa) - Quatro anos depois do assassinato da transsexual Gisberta Salce Júnior está "tudo na mesma" e a protecção legal "continua inexistente", denuncia a associação Panteras Rosa.Em comunicado, as Panteras Rosa-Frente de Combate à Lesbigaytransfobia referem que "um ano depois" do crime "praticamente nenhuma intervenção teve lugar, e nada de concreto se alterou". E reivindicam "a inclusão da proibição de discriminação em função da identidade de género no artigo 13.º" da Constituição, "uma Lei de Identidade de Género que permita às pessoas trans alterar os seus documentos de acordo com o género assumido" e "a retirada da transexualidade da lista de doenças mentais sem perda do direito à comparticipação estatal e aos tratamentos no sistema nacional de saúde".Se aquelas alterações não forem feitas, alertam, "o país pode acertar os relógios e continuar a contar os dias até à próxima Gisberta, talvez menos mediática mas nem por isso menos certa, como comprovou o assassinato, e posterior abandono num contentor de lixo, dois anos depois, de uma outra mulher transexual, Luna, desta vez em Lisboa, um caso ainda hoje por solucionar".--Também saiu em:
SIC-N:
http://sic.sapo.pt/online/noticias/ultimas/2010/02/26/gisbertaassassinato-quatro-anos-depois-proteccao-legal-continua-inexistente-panteras-rosa.htm

Thursday, February 25, 2010

Comunicado 25-02-2010 - aniversário do assassinato de Gisberta - 4 anos, nada mudou!


Comunicado de imprensa 24-02-2010

PANTERAS ROSA - FRENTE DE COMBATE À LESBIGAYTRANSFOBIA

Quatro anos depois do assassinato da transsexual Gisberta Salce Júnior
Tudo na mesma.

Completam-se amanhã quatro anos desde que foi encontrado o corpo de Gisberta, transsexual, toxicodependente, seropositiva, prostituta e imigrante brasileira, que sucumbiu a três dias de tortura e sevícias sexuais e posterior afogamento, ao ser lançada a um poço por um bando de rapazes no Porto. Ficou até hoje na memória colectiva um crime que "chocou o País". E, no entanto, parece não ser verdade: um país chocado, é um País que reage e previne. E não foi assim. O problema está em que o referido "choque" não se estendeu à perda de uma vida, à exclusão social extrema em que esta vítima mortal estava encurralada, e sobre a qual, um ano depois, praticamente nenhuma intervenção teve lugar, e nada de concreto se alterou. O País pode acertar os relógios e continuar a contar os dias até à próxima Gisberta, talvez menos mediática mas nem por isso menos certa, como comprovou o assassinato, e posterior abadono num contentor de lixo, dois anos depois, de uma mulher transexual, desta vez em Lisboa, um caso ainda hoje por solucionar.
Quatro anos depois, a protecção legal de pessoas como Gisberta continua inexistente, e as condições de marginalização de grande parte da população transsexual continuam intocadas porque os decisores políticos e o Estado continuam a fugir às suas responsabilidades. Reivindicações como:
- a inclusão da proibição de discriminação em função da Identidade de Género no artigo 13º da CRP
- uma Lei de Identidade de Género que permita às pessoas trans alterar os seus documentos de acordo com o género assumido, melhorando amplamente as suas oportunidades de acesso ao emprego
- a retirada da transexualidade da lista de doenças mentais sem perda do direito à comparticipação estatal e aos tratamentos no Sistema Nacional de Saúde, à semelhança do que acaba de ser aprovado em França...
, são direitos básicos que continuam sem eco junto dos partidos políticos Por outro lado, num país campeão da violência sobre menores, o sistema de "guarda e protecção de menores" continua sem medidas de reforma para que seja mais do que um armazém de crianças e jovens, das quais metade entregues a instituições religiosas, sem contexto emocional ou educativo e onde se misturam crianças protegidas das suas famílias com outras institucionalizadas por cometerem crimes.
Nada se fez para limitar o impacto da exclusão social da maioria da população transsexual. A primeira violência de que esta é vítima, é institucional e legal. Numa altura em que se o país ainda debate o casamento entre pessoas do mesmo sexo, lembremos que em Portugal ainda estamos na fase de debater medidas que poderiam significar a diferença entre a vida e a morte.
E, no entanto, mesmo que prejudicados/as pela inacção dos responsáveis políticos, e pelo preconceito e pela violência, não somos vítimas, mas sim pessoas, que exigem plenos direitos e o direito a uma vida digna - o direito a viver - e não admitem esperar pelos ritmos lentos da mudança de mentalidades na classe política para exigir o respeito pelos Direitos Humanos para todos e todas.

PANTERAS ROSA - FRENTE DE COMBATE À LESBIGAYTRANSFOBIA


Wednesday, February 17, 2010

Actualités sur la prise en charge des personnes trans

Mercredi 17 février 2010 // Communiqués de presse .

OUTrans a pu être reçue récemment au ministère de la santé. Dans un souci de partage, de transparence et de bonne compréhension par toutEs de la situation dans laquelle nous sommes actuellement (et parce qu’on ne peut décidément pas compter sur les médias et que oui, l’information c’est le pouvoir), voici une synthèse des informations dont nous disposons :.

Quelques repères chronologiques :.

1989 : Le ministère de la santé adresse à la CNAM une circulaire qui officialise un protocole de soins créé dans un hôpital parisien. Cette circulaire est à l’origine du mythe qu’est l’existence de protocoles dits officiels avec des psychiatres auto-proclamés « spécialistes du transsexualisme »..

2004 (Arrêt de la Cour de Cassation du 27 janvier 2004) : Cette circulaire non publiée et illégale, est annulée par une décision de la cour de cassation..

2004 : Décret qui crée une ALD trans, classée dans les Affections Psychiatriques Longue Durée (catégorie d’ALD 23), et début d’un travail de la HAS en vue de faire un rapport sur la prise en charge de la transidentité en France..

Avril 2009 : La HAS rend public son pré-rapport sur la prise en charge de la transidentité en France. Pour complément d’info, voir le CP d’OUTrans à ce sujet est disponible ici..

16 mai 2009 : Roselyne Bachelot-Narquin annonce le passage de la transidentité de l’ALD 23 (affections psychiatriques) à l’ALD 31 (hors liste)..

Pour complément d’info, voir le CP d’OUTrans à ce sujet là..

Février 2010 : Un décret rendant effective l’annonce de Roselyne Bachelot-Narquin du 16 mai 2009 est signé et publié au JO en date du 10/02. La transidentité (« trouble de l’identité de genre ») passe officiellement de l’ALD 23 à l’ALD 31..

Le ministère assure qu’une « lettre-réseau » explicite a été envoyée aux CPAM afin d’assurer le maintien des remboursements. OUTrans a fait la demande d’avoir accès à ce document. Nous sommes en attente d’une réponse du Ministère. Dans tous les cas, on peut être sûrEs qu’elle sera bientôt en ligne quelque part..

La publication de la version définitive du rapport de la HAS était prévue pour la fin d’année 2009, rien n’est sorti pour l’instant et on ne sait pas exactement ce qui va changer entre la version provisoire et la version définitive..

Ok mais une ALD, c’est quoi ?.

Les maladies de longue durée, plus connues sous le nom d’affections de longue durée (ALD) correspondent en France à une liste d’affections, en réalité plus de 400 pathologies regroupées en trente catégories. Elle est établie par l’assurance maladie française, et permet un remboursement intégral des traitements ou soins..

Pour bénéficier d’une ALD, coûteuse pour l’État et très spécifique, il est donc nécessaire d’établir un diagnostic, ou plus largement un « protocole thérapeutique »..

Il existe une catégorie d’ALD (31) dite « hors liste », permettant elle aussi un remboursement à 100%, qui concerne en théorie les affections graves pour lesquelles la durée prévisible des soins est supérieure à 6 mois. C’est désormais cette ALD qui concerne les personnes trans (Décret no 2010-125 du 8 février 2010)..

Plus d’informations dans notre article sur l’ALD.

Le projet de création de Centres de référence – ce que dit le ministère :.

Le ministère de la Santé veut revoir tout le système de prise en charge des personnes trans en France. La raison qui nous a été donnée est qu’il est unanimement reconnu défaillant et inadapté tant par les professionnelLEs de santé que par les individuEs et associations trans..

Le changement d’ALD vise à faire le lien entre l’ancien et le nouveau système tout en assurant la continuité des remboursements des actes et traitements médicaux nécessaires aux personnes en transition..

Pour le ministère le pré-rapport de la HAS est explicite concernant le mauvais fonctionnement du système actuel. Il représente donc un appui officiel permettant de remettre en cause le système de prise en charge existant et ainsi justifier l’urgente nécessité de créer quelque chose de plus adapté. Le Ministère considère (de ce qu’ils en disent) le Rapport de la HAS comme non pas le point de départ d’un travail, mais la preuve concrète qu’ils doivent travailler sur la prise en charge de la transidentité. Cela veut dire concrètement que les conclusions et la méthodologie du rapport, décrié à l’unanimité par les associations, ne conditionnent pas le travail du Ministère..

L’idée serait, en s’appuyant sur une analogie entre transidentité - maladie rare, de créer un ou plusieurs centres de référence dédié(s) à la prise en charge des personnes trans. Il existe déjà en France des structures de ce type (pour les troubles articulaires, par exemple)..

L’analogie transidentité-maladie rare ne signifie pas que la transidentité est considérée par le ministère comme une maladie. Elle est basée sur le constat de similitudes en terme de prévalence (1 pour 2000) et en terme de rareté d’expertise concernant une prise en charge de qualité..

Ces structures seraient considérées comme des outils, dont le contenu serait entièrement à définir par un cahier des charges à l’élaboration duquel les associations et individuEs trans seront conviéEs à participer..

Le schéma serait le suivant :.

1. Les associations + sociétés savantes + administration + HAS (1 personne) élaborent le cahier des charges..

2. Un appel d’offre est lancé vers les structures hospitalières qui peuvent alors se porter candidates. Officiellement, une équipe de praticiens qui travaillent en libéral pourraient aussi déposer un dossier..

3. Un comité (incluant les associations) opère une sélection. Puis un calibrage est fait (combien faut-il de centres etc..).

4. La structure se met en place. On la laisse vivre un an environ..

5. Création du PNDS (délai un an)..

Ce type de centre a l’habitude d’inclure les associations de « patientEs », ce qui leur permettrait donc de prendre pleinement part à l’élaboration d’un PNDS (Protocole National de Diagnostic et de Soins) en collaboration avec les professionnelLEs de santé et les représentantEs des CPAM. De plus, les centres de référence ont une obligation d’information des patients..

Ils ont également vocation à recueillir des données épidémiologiques et d’actualiser celles existantes, de vérifier que la prise en charge évolue et comment..

Ces structures offriraient une prise en charge permettant le remboursement de produits qui n’ont actuellement pas d’AMM (Autorisation de Mise sur le Marché), c’est le cas de l’Androtardyl (testostérone de synthèse habituellement prescrite aux Ft*)..

Selon le ministère, les centres dédiés aux maladies rares qui existent déjà satisfont pleinement patientEs, associations de malades et médecins. Il nous encourage à nous rapprocher d’eux pour avoir plus d’informations..

Pour finir, la visibilité de ces centres permettrait, toujours selon le ministère de la Santé, d’uniformiser l’offre et la qualité des pratiques sur le territoire français, de garantir l’égalité dans l’accès aux actes médicaux et de limiter les ?errances ? médicales. C’est-à-dire permettre aux médecins de mieux orienter les personnes trans et aux personnes trans de pouvoir trouver aisément des interlocuteurs spécifiques, labellisés par le ministère et, de ce fait, offrant certaines garanties en terme de prise en charge..

Toutefois, le passage par ces centres ne serait aucunement une obligation et les parcours privés ne seraient pas empêchés..

Les centres auraient des relais en régions pour offrir un accès confortable pour toutEs..

Ce système permettrait également de collaborer et d’échanger avec des structures similaires à l’étranger..

Pour info, les missions habituelles des Centres de référence :.

Faciliter le diagnostic et définir une prise en charge,
Définir et diffuser des protocoles de prise en charge, en lien avec la HAS (haute autorité de santé) et l’UNCAM (Union Nationale des Caisses d’Assurance Maladie),
Coordonner des travaux de recherche et participer à surveillance épidémiologique, en lien avec l’InVS (Institut National de Veille Sanitaire),
Participer à des actions de formation et d’information pour les professionnels de santé, les malades et leurs familles, en lien avec l’INPES (Institut National de Prévention et d’Education pour la Santé ),
Animer et coordonner les réseaux de correspondants sanitaires et médico-sociaux.
Etre des interlocuteurs privilégiés pour les tutelles et les associations de malades..

Et plus d’infos sur le site du ministère..

Le PNDS (Protocole National de Diagnostic et de Soin) :.

Des lors que quelques centres de référence sont identifiés, qu’ils sont considérés comme légitimes pour porter des recommandations, ils ont la fonction de produire un PNDS en collaboration avec les professionnelLEs de santé et les associations de personnes concernées..

Plus d’infos sur l’élaboration d’un PNDS sur le site de la HAS (PDF également en pièce jointe ci-contre)..

La position d’OUTrans :.

Le ministère de la santé semble manifester une réelle volonté d’avancer et d’inclure les personnes et associations trans à la mise en place d’une prise en charge de meilleure qualité..

OUTrans s’interroge toutefois sur la réelle pertinence de la création de centres de référence et s’inquiète du maintien de la possibilité de parcours de transition dans le privé, ainsi que du respect du principe du libre choix du médecin et de la question de la dépsychiatrisation effective de la transidentité. Sur la place des associations dans ces protocoles, il faut vraiment se renseigner auprès des associations de maladies rares pour avoir leur feed-back là-dessus : si les associations trans ont une place limitée sous la houlette des praticiens et du Ministère, on a tout à craindre. Par ailleurs, nous regrettons que la prise en charge sur le modèle de la maternité (un remboursement à 100% sans pour autant être considéréE comme malade) n’ait pas été une proposition vraiment creusée par le ministère..

Quand à la déclassification de l’ALD 23, elle est supposée se faire sans accrocs (même prise en charge qu’avant – même si on peut regretter ne pas pouvoir espérer une meilleure prise en charge qu’avant...). Néanmoins, des praticiens de mauvaise foi pourraient se servir de la brèche pour arrêter de remplir des dossiers ALD : si la transidentité n’est plus nommée dans le code de la Sécurité Sociale, il y a des risques. Il y a donc un travail de mise à disposition de l’information juridique à faire par les associations..

.P.-S.
Lexique : .

ALD : Affection Longue Durée.
AMM : Autorisation de Mise sur le Marché.
CP : Communiqué de Presse.
CPAM : Caisse Primaire d’Assurance Maladie.
CNAM : Caisse Nationale d’Assurance Maladie
CRTrans : Centre de référence pour les personnes trans.
HAS : Haute Autorité de Santé.
InVS : Institut national de Veille Sanitaire.
JO : Journal Officiel.
INPES : Institut National de Prévention et d’Education pour la Santé.
UNCAM : Union Nationale des Caisses d’Assurance Maladie.
PNDS : Protocole National de Diagnostic et de Soin. .
http://www.outrans.org/spip.php?article97

Opinions & Débats: “Décret sucré”, par Hélène Hazera

La publication au Journal officiel du 10 février du décret sortant le “transsexualisme” de la liste des affections psychiatriques de longue durée est accueillie de façon diverse. Pour Support Transgenre Strasbourg, avec ce “mensonge tonitruant”, “l’État français se moque des trans’”. Pour le comité IDAHO, en revanche, “la France devient de fait le premier pays au monde à retirer le “transsexualisme” de la liste des maladies mentales, sans que pour autant ne soit remise en cause la prise en charge médicale et financière de la transition”. Après l’annonce de la déclassification par Roselyne Bachelot en mai 2009, Yagg avait publié une tribune de notre collaboratrice Hélène Hazera intitulée “La déclassification, c’est classe”. Aujourd’hui, elle revient sur l’histoire de cette déclassification, sur ce qu’implique le décret et sur le travail qu’il reste à faire.

DÉCRET SUCRÉ, PAR HÉLÈNE HAZERA
Je ne suis plus folle. Avec les copines, avec les copains, on se tâte, on se pince. On se téléphone, on lit, on relit le décret paru au Journal officiel. C’est drôle, je ne me souviens pas que mes amis homos aient fêté de la sorte leur retrait de la même liste en France, il y a une trentaine d’années. Le retrait des homosexuels y avait été suivi de l’arrivée des “transsexuels”. Dans l’indifférence générale.

C’est un verrou symbolique qui vient de sauter, mais le symbolique a son importance, cette discrimination était la clef de voûte du système qui fait le plus souvent des personnes trans’ des citoyennes et des citoyens de deuxième zone.

Femme transgenre (je n’emploie pas le terme dans un sens idéologique mais pour dire “ne désirant pas une rectification génitale”), je n’ai pas eu affaire aux psys dans ma transition. Il n’y avait pas d’équipes à l’époque et quand il y en a eu, elles ne prenaient pas en charge les “non-opérables”. J’ai vite su qu’il y avait là des maltraitances, mais – je veux la saluer ici – c’est Carine Bœuf qui a amené la question de la dé-psychiatrisation au milieu de la scène trans’, à Act Up et au Gat (Groupe Activiste Trans). Il y eut ainsi de joyeuses actions sur des psys transphobes (Mme Mercader à la Cité des Science, un séminaire à l’hôpital St Anne, un réveil matin qui coûta cher à Act Up Paris etc.). Et lors d’une “AG des trans’” à la mairie du 3e arrondissement de Paris, l’assistance vota la dépsychiatrisation comme revendication numéro un.

Ce que je trouve formidable – après avoir salué Carine –, c’est que personne ne peut dire “La déclassification, c’est moi”. Elle m’a pourtant confié que le Gat, il y une poignée d’années, à force de pression sur le ministère, était arrivé quasiment à obtenir la déclassification mais qu’une irresponsable avait tout foutu par terre. La déclassification c’est le fruit d’un travail collectif, qui s’appuie sur tout le boulot fait par d’autres associations avant, l’ASB bien sûr (même si le mot “syndrome” et la référence à Harry Benjamin font sourire aujourd’hui), avec Tom Reucher et Natacha Taurisson, Rochelle etc., et tout un maillage d’associations, sans oublier celles de province que les Parisiens ignorent généralement.

Très vite on s’est aperçu que ce qui bloquait, c’était la crainte que si l’on n’était plus “atteints de troubles”, les opérations ne seraient plus remboursées. Aux USA, longtemps, les associations trans’ bloquaient un changement de définition dans l’Association américaine de psychiatrie (American Psychiatric Association, APA), par peur que leur mutuelles ne remboursent plus leurs interventions. Peut-être inconsciemment certaines et certains étaient rassurés par ce statut d’irresponsable? L’ennui, c’est que le poids de l’APA sur l’Organisation mondiale de la Santé est énorme, et que les trans’ du monde entier pâtissaient des dysfonctionnements du système de santé américain (pas vraiment digne d’un grand pays qui joue “les gendarmes du monde”).

Mais le mouvement est en marche et aujourd’hui la réforme du DSM 4 est l’objet d’âpres discussions aux États-Unis: un des dignitaires psys pratiquait des “thérapies de conversion” sur des enfants trans’, ce qui le met dans une fâcheuse situation. Il n’y a pas longtemps encore Mme Chilland pratiquait dans un centre parisien le même genre de “thérapies” sur des enfants en bas âge. Avec ce décret, les psys français vont-ils arrêter leurs pratiques coercitives sur des enfants?

Les persécutions rendent paranoïaque. Quand Mme Bachelot a fait sa première déclaration, des voix se sont élevées: “En fait elle déclassifie pour ne plus rembourser les soins!”. Les ajouts de ce décret expliquent bien que les soins seront remboursés. Après avoir été tant ignorés, les trans’ deviennent un motif électoral.

En fait tout le combat reste à faire. Les soins seront remboursés, mais ce ne sont pas des opérations médiatiques retransmises à la télévision qui nous feront oublier que la médecine officielle de ré-assignement en France est de mauvaise qualité. Les soins vont-ils être remboursés à l’étranger en attendant que la France rattrape son retard? Les médecins libéraux – certains très compétents – ont été interdits de pratique en France par les équipes officielles et leurs bouchers. Ce monopole va-t-il être cassé? Va-t-on voir humaniser les expertises judiciaires post-opératoires vécues par la plupart comme un viol? Le rapport HAS préconise l’ouverture d’un centre de référence à Paris. Avec qui? Sera-t-il un musée Grévin des équipes des protocoles ou un lieu d’échange avec les associations?

Très vite des questions essentielles vont se poser: le psy sera-t-il obligatoire dans le “parcours” (ce qui thérapeutiquement est une hérésie)? Aura-t-il un droit de véto absolu? Le ministère emploie encore le terme désuet de “transsexualisme”, qui limite le champs aux “transsexuels” (désirant ou ayant bénéficié d’une opération de ré-assignement sexuel) quand la mouvance trans’ préfère le terme “transidentité”, plus large. Au ministère on déclare que les transgenres ne seront pas écartés, qu’il ne sera plus question de “vrais” et de “faux” trans’. Comment donner des hormones aux hommes et femmes transgenres sans leur donner les papiers d’identité qui leur permettraient une vie possible? La question trans’ ne peut être résolue dans un seul ministère.

Ce décret ne tombe pas du ciel, c’est la résultante d’années de luttes, et des mœurs qui s’améliorent disait Lautréamont. Maintenant, on attend son application. De pied ferme. Après ce décret la route est longue pour faire des trans’ des citoyennes et des citoyens ordinaires. Notre talon d’Achille c’est ce désir incroyable de reconnaissance que nous avons, beaucoup parmi les plus radicaux n’en meurent pas moins d’envie d’être sur la photo à côté de Madame la ministre; espérons que leur exhibitionnisme ne saccagera pas l’intérêt général.

Helene Hazera est productrice à France Culture, trans’ vivant avec le VIH. Elle a cofondé la commission trans’ d’Act Up Paris.


http://lezstrasbourg.over-blog.com/ext/http://www.yagg.com/2010/02/13/opinions-debats-decret-sucre-par-helene-hazera/
Le transsexualisme n'est officiellement plus considéré comme une maladie mentale en France, devenue le premier pays au monde à le sortir de la liste des affections psychiatriques.

http://videos.tf1.fr/jt-we/la-france-1er-pays-a-sortir-la-transsexualite-des-maladies-mentales-5690963.html

Saturday, February 13, 2010

Les trans ne sont plus des malades mentaux

Par Amélie Gautier , le 12 février 2010 à 16h58, mis à jour le 12 février 2010 à 22:52
C'est officiel depuis mercredi avec la publication d'un décret au Journal Officiel. Et c'est historique car la France est le premier pays au monde à sortir le transsexualisme de la liste des affections psychiatriques.

La France, 1er pays à sortir la transsexualité des maladies mentales
S "Il y a trente ans, Robert Badinter a fait sortir l'homosexualité du Code pénal, aujourd'hui, Roselyne Bachelot fait sortir la transidentité de la liste de maladies mentales". C'était en mai dernier. Le président du Comité IDAHO (International Day Against Homophobia and transphobia) Jean-Louis Tin et les associations de lutte contre l'homophobie qualifiaient de "décision historique" l'annonce de la ministre de la Santé : le transsexualisme ne sera plus considéré comme une affection psychiatrique en France. Environ 50.000 personnes sont concernées, selon les estimations des associations.
"Je suis trans et bien dans ma peau, mais"
"Il existe des solutions pour les transsexuelles !"
L'armée veut que Delphine redevienne Thierry
Vidéo
2min 16s
La France, 1er pays à sortir la transsexualité des maladies mentales - 2min 16s
"Je suis trans et bien dans ma peau, mais"
Témoignage - C'est la journée mondiale contre l'homophobie et la transphobie dimanche. A cette occasion, voici le portrait de R. "trans" de 28 ans.Publié le 16/05/2009
"Il existe des solutions pour les transsexuelles !"
Témoignage - L'histoire de Delphine, à qui l'armée de l'air a demandé de redevenir Thierry suite à une décision de justice, a suscité de nombreuses réactions des internautes. Dont celle de Nathalie, également transsexuelle, au parcours bien différent.Publié le 13/11/2009
L'armée veut que Delphine redevienne Thierry
Delphine est transgenre. Une situation bien acceptée par ses collègues militaires, jusqu'à ce qu'une décision de justice ne vienne semer la pagaille.Publié le 12/11/2009
La France, 1er pays à sortir la transsexualité des maladies mentales
Le transsexualisme n'est officiellement plus considéré comme une maladie mentale en France, devenue le premier pays au monde à le sortir de la liste des affections psychiatriques.Publié le 12/02/2010 Plus d'infos Depuis mercredi, la décision est officielle avec la publication du décret au JO. Au-delà de la symbolique évidemment forte, ce décret du ministère de la Santé supprime "les troubles précoces de l'identité de genre" d'un article du code de la Sécurité sociale relatif aux "affections psychiatriques de longue durée". (Voir notre encadré) La décision est d'autant plus historique que "la France est le premier pays au monde à ne plus considérer le transsexualisme comme pathologie mentale", rappelle à TF1 News, Joël Bedos, responsable international du comité IDAHO. Cette reclassification du transsexualisme était un changement réclamé de longue date par la communauté lesbienne, gay, bi et trans de France (LGBT). Pour rappel, l'homosexualité l'était jusqu'en 1992. Reste un combat à mener au niveau de l'OMS. L'organisation mondiale de la Santé considère toujours les trans comme des malades mentaux. Prochaine bataille dans l'Hexagone : "le changement d'état civil, soupire Sophie Lichten du comité Idaho. Actuellement, il faut se faire opérer pour obtenir des papiers d'identité d'un autre sexe." La moitié des trans ne souhaitent pas changer physiquement de sexe.

Ce que cette décision change

Jusqu'à présent, les transsexuels pouvaient bénéficier d'une exonération du ticket modérateur pour les soins au traitement au titre d'une affection de longue durée classifiée ALD23 pour "troubles récurrents ou persistants". "Les transsexuels ressentent cette admission en ALD23 comme stigmatisante puisqu'elle peut introduire une confusion entre le trouble de l'identité du genre et l'affection psychiatrique", rappellait en mai le ministère de la Santé. Elle a précisé que la prise en charge médicale au titre des troubles de l'identité du genre continuerait à être assurée.
TRANS COMMUNITY CONFERENCE 2010:
Creative Responses to Education and Equality 




Convened by Gendered Intelligence

Hosted by Central School of Speech and Drama



Friday 16th July 2010


at


The Central School of Speech and Drama
Embassy Theatre,
Eton Avenue 
London, NW3 3HY UK




9am – 6pm




 This will be followed by an optional evening in the Embassy Theatre
“Tit Bits”: An Evening with Bird la Bird
from 7pm – 9pm


www.genderedintelligence.co.uk

http://www.seufosseseropositivo.com/